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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Comentários do poeta

Perdoe este humilde poeta, leitor desavisado.
Vivo no drama do mundo, o mal do século é a minha solução.
Eis que faço dos meus - pequeninos, porém enormes - problemas, a razão de todo o meu universo.
Contudo, tenho consciência das razões para não lhes impor ao mundo.
Sofro, como todo poeta, calado em meus dizeres.
Na heteronímia que herdei de Pessoa, vivo situações adversas em personagens que beiram à sandice.
Assim construo meus casos, no acaso da vida.
Na vida das palavras, tal qual arquiteto.
Assim projeto, assim construo e, reservo-me o direito de colocar tudo abaixo.
Não repareis nos meus modos, são impróprios a qualquer cavalheiro.
Sou ébrio, mas de sentimento.
E neste momento, sou apenas mais um solitário.
Dentre as várias janelas desta cidade.

Licença para minhas lágrimas.

Me perdoe leitor, mas não mais poderei conter.
De meus olhos descerão as lágrimas contidas.
Caminharão pela minha face, deliberadamente.
Temo ter que fazê-lo em público, contudo não vejo razões para segurá-las.
Confidencio-te que estas lágrimas tem sido mantidas há tempos.
Mas elas expressam o desejo íntimo de sair, tomar o mundo.
Banhar meu rosto.
E assim construirá o sabor salgado ao alcançar meus lábios.
Será acompanhada por um pausado soluço.
Já vem surgindo, mas alivia.
Não quero mais ignorá-la.
Não mais o farei.
Perdoe-me, mas agora prefiro me resignar a continuidade.
Deixarei que o tempo engula sua razão de existir, que os segundos pareçam décadas.
Com a certeza de que na verdade, em nossas vidas as décadas que são os segundos!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Caminhe!

Não tomeis do vinho da vida, sem que percebais o gosto dos sentimentos.
Poderieis fechar os olhos a cada novo amanhacer, contudo optais por arriscar um novo ensaio.
Viver sem envolvimento é um ser sem estar.
Acanhar-se frente aos obstáculos do mundo é não compreender a necessidade das adversidades.
Olheis a criança que espera o sol nascer para que possa novamente brincar, aprender e crescer.
Não contamineis a infância com seus pensamentos falidos.
A vida é um ciclo.
Cada idade tem sim, suas verdades e maravilhas. Mas nada é fixo. Tudo pode ser modificado.
As regras estão escritas, mas não é tabu ignorar algumas.
O grande segredo será sempre aprender com os erros. Construir com os acertos, mas edificar-se pelas tentativas.
A perseverança é o maior motivo de todas as vitórias.
Por isso mesmo, mergulhe o mais fundo que puder. Acredite o quanto for necessário, envolva-se nos abraços da existência.
Afinal, todo o tempo termina em dado instante. As pessoas partem, os sonhos sentem o peso dos anos e, nossas idéias sempre mudam.
Mude, seja também o que é - ainda que em estado amorfo.
Molde uma nova personalidade. Cative. Cultive o bem.
Tudo poderá ser mais fácil, mas o primeiro passo é inevitável.
E então, estarás pronto para a caminhada que mudará sua existência.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Poesia Técnica

Se eu ousasse escrever uma só palavra, seria desaforo.
Pois de almas perturbadas são os desaforos que se pronunciam.
O poetam quando fora do equilíbrio coerente, é apenas técnico.
Mas também pudera, sem a técnica não há poesia.
O sentimento, hoje fico em débito.
Quando chegar a fatura efetuo a paga.
Tem mais valia com sentimento, do que palavras ao seco.

Mudanças

Sabe nobre leitor, se eu pudesse mudar o mundo: Não mudaria.
Jamais poderia querer que a mudança promovesse transformações.
Somos frutos de nossos semeios.
Resultados de banhos de sol.
Lapidados pelas tempestades.
Se tudo mudasse pelo momento, em favor da razão irracional humana, de nada adiantaria o processo.
Não se trata de uma função de estado. O interstício faz toda a diferença.
Somos seres de uma vida carnal temporária.
Se tomarmos por referência os dias de nacimento e falecimento do corpo, nada importa.
Não há respostas.
Mas se analisarmos nosso percurso, tudo poderá ganhar um novo sentido.
Assim sendo, jamais terei a presunção de mudar o mundo.
Prefiro que, antes deste egoísmo, o mundo que me mude!

sábado, 27 de novembro de 2010

Poucas Palavras

A quem interessar possa...
Gostaria de escrever das inseguranças, dos receios, do que me oprime.
Das noites mal dormidas, dos pesadelos instáveis.
Dos pensamentos que contruo, dos medos que mantenho.
Gostaria de permitir que as lágrimas me lavassem o rosto, trilhando em minha face o caminho de um riacho puro.
Que uma gota por vez destas lágrimas, ao terminar seu caminho, desaguassem em um jardim para reavivar as flores.
Nem todo mal é mal.
Nem toda bondade tampouco será seu significado.
Se há momentos de tristeza, também o haverão de alegria.
E neste misto, embrulhado sobre a mesa, sobrar-lhe-ão viveres para todos!

Conflitos deste Poeta

Nos últimos dias tenho vivido um conflito de interesses:
Há momentos em que quero muito escrever, infinitamente.
Porém, há momentos em que escrever parece por demais dolorido.
Na não linearidade entre estes pensamentos, apenas assunto.
Paro.
Escuto.
Sinto.
Reparo o mundo.
E então nada acontece.

Retrocessos

A humanidade trilha caminhos cuja verdade é incerta,
permeados de insegurança, ladrilhados de receios.
É pelo retrocesso que se avança, pelas ultrapassagens impróprias que se recebe a recompensa.
Não olhamos para frente, mas baseamos nossas escolhas no passado.
Planejamentos não ocorrem, apenas tentativas.
E tantas e audaciosas são, que não chegamos fácil a ponto algum.
É assim, nos retrocessos que se pautam os passos adiante.
Mas o que deveria estar cada vez mais perto, fica cada vez menor no horizonte.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Apenas mais um momento

Foi quase sem querer, tomando-me o fôlego.
O torpor enrubesceu-me a face.
A sensação nítida de que algo diferente acontecia.
Tentei escapar, emiti um leve suspiro.
Mas o olhar era de tocaia, adocicado com o sonho inutilizado que eu tinha.
Foi assim que se abateu sobre mim um ar de insolência, um não querer mais que não quero.
E tal qual o alheio a tudo o que acontece, me senti acrescido de uma importunação redundante.
Mas não há frestas nas janelas.
A escuridão apenas se apresenta.
Os raios de luz do sol de outrora estão afastados de mim.
Já nem mais contarei os dias, pois não vejo suas evidências.
Mecanicamente caminho junto ao inevitável que poderia ter sido freado.
Não sei bem em que misto de sentimentos estou arranjado, tal qual sólido cristalino.
Apenas compreendo que não sei entender o meu momento.
Mas ele também deverá passar, como tudo o que me ocorreu nesta vida.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aguardando...

Certamente foi pelos teus olhos que me permiti cativar.
Ou talvez tenha sido pela tua maneira única e inevitável.
Mas estou assim: a pensar em ti.
A olhar para ti e, percebo seu sorriso envolvente.
Mas é claro que temos apreensões.
As coisas acontecem, simplesmente.
Às vezes muito rápido. De repente morosamente.
Isso não importa:
Simplesmente sucedem-se as consequências.
Acho que prefiro esperar as que nos impliquem!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os sons lá de fora.

Permita que eu saia pelas ruas, tão somente envolvido por um fino pano.
Ouvindo o som ao redor do mundo.
Sentindo cada oscilação, vibrando!
E que eu conheça os rotulados como escória,
mas que os conheça além do que aparentam.
Apenas deixe...
E talvez eu jamais volte.
E talvez não mais eu escute o silêncio.
Pois lá fora há uma infinidade de sons,
escuros, sombrios, obtusos: a descobrirmos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Como?

Como eu poderia, deixar de tentar compreender o horizonte?
Recusar o perfume das rosas,
Outorgar ordem ao imprudente,
Ou, simplesmente ignorar o insurgente?
Jamais soube. Também pudera, não quis saber.
Não me furtarei ao direito de ter, cá junto ao peito,
a vontade de ver a vida, de fazer a vida,
de construir suas penetrações!
E transpassado pelo vento forte, sindo chegado o momento.
Doem os nervos.
Corroem os intentos.
E apenas a maresia consolida a sensação.
Tomarei as letras em meu bolso, para comprar as palavras!
Farei das palavras minha ponte, meu porto, meu segredo constante!
E nelas edificarei as intenções de amante!

Apenas

Ainda posso sentir, o ruído de sua respiração.
Ouço aquela lágrima debruçar-se por sobre meu ombro.
Tudo tem o doce semblante do final de uma história.
Mas também constam-lhe os azedos e dissabores de um novo princípio.
Leia as páginas de vossa história: insista!
Te adeques à estilística do destino.
Perdas sempre tem gosto de fruta passada, mas em seu fel chegam os recomeços!
Vós que sentis a dor, também perceberão o amor, quando este surgir no horizonte.
Não me prolongarei.
Não sei o que dizer.
Apenas digo.
Apenas insisto.
Apenas.
E simplesmente apenas, termino estas palavras...
Apenas...

Palavras de paixão

Permita-me olhar fundo em teus olhos.
Penetrar vossa carne e firmar morada em teu coração.
Conceda-me a oportunidade de sugar vosso ar.
Alimentar vossas esperanças.
Acreditar que o mundo realmente não tem importância.
Apenas te aquiete, não resista!
Deixai que eu te mostrarei o caminho.
Pedi e te darei o meu melhor: com borda de chocolate!
Diga, que ouvirei atenciosamente.
Entenda que não sou este saco de pelo e osso,
mas uma alma translúcida de paixão.
E assim seremos, tal qual em conto de fadas,
felizes até um novo recomeço!

domingo, 10 de outubro de 2010

Encontros e Procura

Não procuro, pois temo encontrar.
Eu encontro, ainda que temendo procurar.
Acasos e descasos da vida longa!
Como eternos que somos, não será neste templo que encontraremos todas as respostas.
Antes assim, afinal!

Deixemos a chuva lavar nosso caminho.
Abrigarei-me sob a tenda a me esconder das gotículas finas e gélidas.

Dialética entre Paz e Posse

A paz não é uma conquista, mas tão somente uma condição.
E não será com guerras que ela será alcançada.
Tais procedimentos tão somente a distanciam, cada vez mais.
Tampouco será com ilusões contraditórias.
A paz deixa um rastro luminoso por onde passa.
Faz morada onde é aceita.
A paz é aquela luz intensa, cuja voracidade pode cegar-nos.
E esta luz não pode, nem de longe, ser reproduzida por uma granada em explosão.
A paz pode ser mantida, mas jamais pode ser possuída.
É íntimo do homem tentar possuir as coisas.
Mas nada pode ser possuído de verdade.
As posses falsas, tais como são, são transitórias.
A única posse que deveras temos é a de nossa consciência.
E esta, tenho certeza, jamais poderemos entregar a outrem.

sábado, 9 de outubro de 2010

Falhei

Talvez um dia eu já tenha feito.
Mas talvez jamais o tenha sinceramente.
Mas sinto vontade de dizer, loucamente, o quando eu falhei.
Falhei como filho.
Falhei como irmão.
Falhei como cidadão.
E se estes versos que escrevo, talvez em tom de diálogo, não te oprimirem.
Ou, se por hora o excesso de repetição não te incomodar.
Direi.
Mesmo que não queiras ler.
Falhei, simplesmente porque tive a prepotência de querer acertar.
Quando na verdade não há acertos.
Existem sim erros, e estes são muitos:
Todos criados por tentativas frustradas de acertar, quando o acerto não existe.
A vida é um rio, cuja correnteza nos leva a lugar algum.
Mas cujo trajeto nos leva a todos os lugares.
Por isso sei que falhei, pois esperei a chegada.
E não a encontrei.
Prossegui, porém continuei sem encontrá-la.
E então tive a frustração.
E sofri, por algo que eu mesmo criei.
Esperei, por expectativas que eu mesmo nutri.
Mas se eu mesmo errei, também eu posso corrigir.
Falhei, mas agora poderei não mais falhar.
Não poderei voltar ao principio.
Acho que o Chico nos advertiu disso há algum tempo.
Mas poderei recomeçar!

Sejamos

Uma vez mais, componha a grande música.
Faleis da vida. Faleis dos sonhos. Faleis da sutil diferença entre ser e ter.
Faleis em tom de melodia.
Escreva-me uma nova carta e, certamente a lerei dias a fio.
E a cada linha, uma nova lágrima se desprenderá do coração.
Seja sincero.
Seja intenso.
Seja influente.
Seja inconsequente.
Seja o preenchimento do vazio humano.
SEJA.
E seremos todos, juntamente de ti!

Envelhecimento

Deixai que eu sinta o vento em meus cabelos, pois certamente eles cairão.
Deixai que os pêlos esbranquiçados tomem conta dos meus braços:
Entenderei que devo preservar meu templo,
ainda que eu perceba que o tempo o está matando dia após dia.
Olhemos juntos o horizonte: notemos as cores do crepúsculo.
Se o mundo todo fosse cinzento, qual seria a arte do universo?
Pare de cobrar resultados exacerbados, quem foi que disse que tudo tem que ter indicadores?
Não me olheis com este olhar de criança que comente a arte mais traquina que pode!
Também assim o sou.
Somos crianças, crescidas - porém sempre crianças.
Crianças velhas, cujos hábitos mudam, mas cuja transformação interior apenas recomeça a cada instante.
Respire. Assim perceberá que o invisível aos olhos está dentro de ti.
Compreenderá que também existe muito mais de não visível e que, também este não é inverdadeiro.

Poesia em Prece de Vida

Vós, que podeis ouvir minha prece.
Não atendei aos pedidos insubordinados.
Não escutais o ritmo acelerado de meu coração insensível.
Não faciliteis a caminhada, mas coloqueis pedras e espinhos, para que minha atenção seja recobrada a todo instante.
Não tireis a dificuldade, a dor ou a conquista.
Permita-me entender que nem tudo é possível, mas acima de tudo:
Concedei-me a honra de conhecer o verdadeiro amor.
Fazei com que eu experencie o amor, além da carne.
Além de uma palavra sem significação.
Mas tão sublime quanto o amanhecer a cada novo dia.
Vós, que também ledes meus pensamentos, calai minhas dúvidas interiores.
O tempo é o melhor livro a ser lido.
A vida a melhor escola a ser frequentada.
Mais que os instrumentos, fazei de mim o próprio instrumento.
A este escalejado poeta, dramatizante e de certas ironias, coloqueis tudo o que lhe for necessário para a matureza.
E quando for maduro o suficiente, sopreis o vento que me derrube da copa desta árvore.

Responsabilidade

Eis que quando a responsabilidade toca às costas,
O trabalho inicia.
E o caminho a trilhar poderá ser doloroso, saboroso ou insípido.
Não importa, o que conta é que a semente está plantada.
E o orvalho de cada manhã já basta para que fecunde uma nova vida.
Olheis nos olhos da razão e entendeis:
Nada é de graça.
Tudo é conquistado pela sinceridade.
Os brindes pela mentira, maldade e manipulação são temporários.
Escuteis as palavras deste poeta,
Entenda - nada podes construir sobre a areia.
Alicerçai a vida onde outrora também construides os sonhos: nos sentimentos.
As raízes, quanto mais profundas, mais sensatas e duradouras serão.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Devaneios de Outubro - II

Não tenteis entender a alma humana, pois não carece de tal processo.
Tenteis assuntar o diálogo da existência própria:
Nela reside suas maiores verdades.
Quisera também eu, nobre leitor, deixar os aforismos que me pertencem.
A posse das coisas é tal qual droga: vicia e causa danos irreversíveis.
Não tenteis se apossar também das sensações,
tudo o que menos importa são as palavras.
Fecheis os olhos e tenteis entender que todo processo não são fragmentos, mas monumentais realizações.
A pior maneira de se atravessar as fendas da natureza é ignorando-as!

Colapso de devaneios...

Outubro iniciou imerso em gotas de chuva.
Ventou tal qual sempre lhe foi característico, entretanto o sol esteve lá.
Naquelas palavras sadias, saídas pela tangente.
No respeito embutido de carinho.
Encoberto pelas desnudadas verdades, aveludadas com o prateado sonho.
Poderia dizer que estou apaixonado, mas de tudo é o que menos estou.
Ando pautado nos "se"s condicionais da razão.
Se, apesar dos pesares, não fosse como ou o que sou, talvez.
Mas acho que tudo isso nada mais é do que meus corriqueiros devaneios!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Entrevento o fim de setembro...

São tecidos com fios dourados, semeando a intensidade os anos de minha vida.
Tal qual o por do sol, numa manhã de final de setembro:
Oculto pelas nuvens chuvosas, mas tão agudo e aguado que sendo sol mal se percebem os traços.
São remendados, nesta colcha de retalhos miúdos, sentidos roçar a pele.
Dúvidas, incertezas, vontades, problemas.
Quisera saber o além de mim, que poderá por mim fazer, pensar ou entrever.
Não me olheis com estes olhos de secar a umidade!
Percebeis que meus sentimentos se estremecem?
Por acaso compreendeis que tudo, ou nada, tem valor assim tão especial?
Um simples sorriso me demonstra o quão grave pode ser o erro.
E ouso derramar uma micro-lágrima.
Mas Homens não choram.
Quisera ser na vida o eu lírico da poesia: assim poder-se-iam sacudir-me as folhas de sentimentos.
Não posso ser além de mim mesmo, mas tampouco posso chegar a ser o que sou.
Estou cansado de usar a negativa.
Mas a negação é contraditória demais para impedí-la.
E uma vez mais o sol se pos. A penumbra com seu negrume engoliu o dia.
Vão-se juntos os dias de setembro.
E o destino continua a cozer, com seu olhar macabro e cadavérico.
Parece que nada mais lhe assusta, incomoda ou toma-lhe instantes de atenção.
Somos por demais previsíveis, plausíveis de um diálogo vazio.
Profundas apenas são as essências, de odores tão sutis que mal nos apercebemos.
E continuam a ser tecidas as dobras, remendadas as fissuras.
Quisera também eu saber o ofício dos desdobráveis acertos desta vida.
Mal posso afundar a linha no orifício da agulha, sequer tenho nutrido este templo de que faço uso.
São oportunidades perdidas, recriadas, repassadas para além da naturalidade.
Oportunidades que deveriam ser refeitas.
Mas as estreitas passagens no mural não me permitem ver além.
A miopia impede não apenas a visão, mas também acompanhar o final de setembro.
E a chuva continua a lavar a alma, não a minha, infectada de vida.
Penso que o melhor a fazer é fechar esta janela.
Deixarei em paz o destino, no cozer frenético e intermitente que lhe compete...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desaforos

Recheada com todos os aforismos do mundo,
nossas palavras circundam e beiram o inevitável.
Fuzilai com os olhos meus pequenos gestos.
Mal compreendei minhas razões, porém julgai.
A vida se faz tal qual a correnteza de um rio,
mas quando as águas se abaixam, o pescador necessita esquivar-se às pedras.
Tu bem sabes o quanto as pedras interferem no bom funcionamento do motor de popa: corre-se o risco de partir-lhe as hélices.
Também assim é minha paciência:
Posso sobreviver aos danosos e inescrupulosos comentários,
mas a hélice de minha paciência um dia sofrerá fissuras que, promover-lhe-ão seu particionamento.

domingo, 12 de setembro de 2010

Regresso

Foi com grande pesar que regressei da cidade cinzenta.
Doeram-me os olhos, com os tons exagerados de tristeza.
Com as dessaranjadas vielas e, pelo excesso de não plantas.
São Paulo o é como deveras dizem:
uma grande selva de pedras.
E se os urubus que vi sobre um certo telhado, lá na Faria Lima,
não estivessem ao acaso - justamente numa selva improvisada,
talvez até não conspirasse em meus pensamentos sobre uma possível velhinha adoentada.
Ou algum europeu no Brasil, que não venha praticando banhos diários.
São Paulo é assim mesmo, enquanto espero o ônibus as pombas andam entre nossos pés.
No metrô vemos todos os tipos e figuras tagarelas ou não.
E a Paulista, com seu glamour improvisado e espontâneo, apenas nos faz admirar.
Sei bem que é uma cidade viva.
Mas sua tonalidade é um tanto quanto depressiva.
O difícil é não sair de lá uma vez mais e dizer:
Como ou quando voltarei a te ver?
São Paulo... ah, em todas as estações - em um só dia - tem sim seu grande e convidativo sorriso!

sábado, 11 de setembro de 2010

Entendimentos

Eis que a voz estremeceu o chão.
O grito, indelével no espaço.
O mundo vivenciou do veneno da razão, em outras épocas.
Mas que poderei fazer, que não sorrir e chorar:
quando das intempéries de minha existência.
A ausência nada mais é do que o preenchimento às avessas.
E quando a solidão corrói o tempo,
aí sim, enferrujam-se as verdades.
Não permita, ó saberes acumulados, que outrora eu me esqueça.
Não são as palavras, tão somente - mas as atitudes - que mudam os povos.
Não mais eleveis o timbre vocal, para comigo e para com os meus.
Trateis do respeito como deveras o diz seu significado.
E entendeis da situação apenas as partes aproveitáveis.

Ponto Final

Senti o fio de lágrima cortar minha face.
Acabou-se o percurso de uma história.
Encontrei no fim das palavras a perspectiva de uma dor.
Antes assim, do que assintomático.
Cada significado obtuso da realidade apenas re-exprime sua nuance.
Ao perfil do estratagema, restaram apenas as luzes.
Movidas a queirosene, amareladas.
E respiro fundo, profundamente decepcionado.
Mas também na literatura há pontos finais.
Pois quem sabe, um dia, entenderei qual será este meu ponto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Hiatos

O maior de todos os males,
cujo poeta possa por ventura sofrer,
é o hiato de literatura.
Pois quando este não nutre seus olhos com boas obras,
malévolos serão vossos produtos.
Contaminados serão seus reagentes e,
sem sal será a sua reação.
Eis que aquele que melhor se apercebe destes fatos,
por lado conseguinte e contrariado,
será sempre o leitor - cuja decepção se faz em longo e grande estrago.
Exatamente por isso devem-se construir rimas,
ainda que inconsequentes,
valorizar ditongos e tritongos e, mais que isso:
a própria semente.

Limitações

Nosso maior obstáculo não são barreiras físicas,
mas sentimentos profundamente enraizados nas sensações.
Se recortássemos estrelas de papel todos os dias,
ninguém ousaria questionar que temos o céu.
Mas como não o fazemos, tudo parece demasiado distante.
E nesta lonjura inconcebível, os laços humanos se afrouxam.
A musculatura sedentária se destende, os prendedores já não mais fecham os sacos de mantimentos no armário.
A maior de todas as maravilhas é a audácia,
que trilha o caminho da sorte, lua após sol e - sem se preocupar com o crepúsculo.
Caminhar é tão mágico que, apenas praticando se consegue.
Acreditar é tão intenso que, apenas a fé pode tricotar-lhe as rendas.
Não olhais os lírios, mas as rosas que acabaram de ser plantadas.
Pois que onde já temos as belas flores, apenas cabe a manutenção,
mas onde se principia as novas obras - ali deve repousar o zelo intenso.

Simples assim

Deixei de acreditar em alguns sonhos mal vividos.
Tampouco parei de sonhar inconseguintes.
Estou mais do que liberto, destas amarras do mundo primaveril.
São duas as grandes razões desta causa:
o encarar sério de todos os fatos e,
a sensatez invernada da tempestade dos acontecimentos.
Já derreti de mim tudo o que poderia até então,
aprendi com as lições de causa e efeito.
Tudo tem a razão, mas também um porém.
E, mais além do que estes postes mal intencionados,
há sempre uma estação ou porto de chegada.
Ainda que todo término possa vir a ser apenas mais um recomeço,
sempre vale a pena lembrar que a cada oportunidade existe o vazio.
E para preenche-lo, bastam uma caneta e uma folha de papel.
Assim se faz o acaso: narrando suas assertativas e construindo
seus além muros.

domingo, 5 de setembro de 2010

Finalmentes

O mundo pode desabar todos os dias,
mas se o alicerce estiver bem feito:
sempre poderemos reconstruir.
A base de toda a vida está na boa vontade,
quando esta já não mais existir, tampouco haverá esperança.
O sorriso de uma pequena alma eleva o calor humano.
Mas as lágrimas dos namoros da juventude,
estas secam logo após sair o sol e, das tristezas, resta apenas
um belíssimo arco-íris.

sábado, 4 de setembro de 2010

Meus temores!

Já não sei se o caminho que tomei é certo.
Mas o fiz mudar novamente, também assim não saberei.
Tenho planos de converter a outros rumos.
Mas qual razão me permite tais planos?
O tempo por mais curto que pareça, é o ideal.
Sinto que eu esteja a desperdiçá-lo.
Estou a correr por caminhos estranhos.
São dias de trevas e o vento canta ensurdecedoramente.
Temíveis como só, os gritos que escuto ecoam de dentro de mim.
A que vim? A que devo me propor?
Se tudo fosse apenas um pesadelo, adoraria acordar.
Só que debaixo do cobertor nada possuo, apenas um apreensivo coração.
O mundo lá fora é pavoroso, porém inusitado!

Profecias Circunstanciais

Se tu soubesses, das maneiras que te vi.
Dos poemas que compus. Das flores que já cheirei.
Ah, se o complexo senso anti-humanitário entendesse minha existência.
O que mais importa é o que menos valorizamos.
Os momentos, ainda que curtos, muitas vezes são intensos!
Enquanto a eternidade perdurar, de nada valerá.
Quando o acaso tomar conta de meu vazio, compreenderei novamente a razão.
Até lá, somente de sonhos viverá o homem.
E das gotas do duro fel da escuridão.

Saudades...

Esperei o momento em que tudo tivesse um final,
mas você foi embora e fiquei sozinho.
Compartilhando um vazio imensamente grande, doente e interrogante.
Já não sei mais olhar o céu, sem o brilho de teu sorriso.
Tampouco saberei atravessar as ruas além do horizonte.
Pareceria que tudo isso é uma grande mentira.
Inverdade, talvez demasiada a circunstância.
Finalmente não tenho muito o que falar e em nossas palavras atuais soam apenas monossílabos...
Nestes monólogos me lembro de reclamar de monólogos existencialistas.
Tudo se foi, acabou. Viramos esta página.
Mas não sei bem o que escrever na minha nova.
Ou velha seria, por tamanho o tempo que deixei de escrever por conta própria.
Não derramo lágrimas, mas já faz quase um mês que o fiz.
E vamos tocando a vida, enquanto não há saídas ou entroncamentos!

sábado, 21 de agosto de 2010

Preços

Percebi, há certo tempo, que tudo tem o seu preço.
Mas que as idéias podem não estar à venda.
As pessoas não contemplam os objetos, também não deveriam ser vendáveis.
Mas há aqueles cuja ambição sobrepõe os valores.
Pobres destes, que apenas entenderão o grande erro, depois de muito sofrimento.
Àqueles que vendem suas idéia, corrompem sua identidade e assentam mentira nas bases de sua existência...
Apenas um sopro do vento, desedifica toda uma eternidade.

A vida

Sempre haverá duas maneiras de ver a vida:
pela sua beleza ou por seus espinhos.
A grande vantagem nesta magnífica verdade, é que apenas tu poderás escolher.
O que preferes ver?
Qual preferes enfrentar?
A beleza tem suas responsabilidades.
Por outra forma, os espinhos promovem grandes feridas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ciúmes

Machado deixou a maior dúvida do Romantismo.
Seria Bentinho certo, ao sentir-se traído?
Ou as tranças de Capitu corromperam sua doce inocência?
A verdade é que a vida real sempre imita a arte, e o ciúme destrói tudo que lhe faça parte.
Sangue sempre corre em prol da justiceira verdade, infundada em consequências.
Sempre há um caminho alternativo, por mais distante que pareça.
Não olheis os amores como trechos para reserva.
Entendei como oportunidades para afastar a treva.

Ventos do Leste

Olhai os ventos do leste.
Eles simplesmente ventam.
Entendei que nas simples coisas, residem as complexas verdades.
Nas partículas do vento são destribuídos os sonhos soprados de longe.
Acolhei com a mente tais memórias, para mudar a realidade.

Lembrança

Edificarei uma lembrança, mas não tenho onde fazê-lo.
Tudo é tão passageiro, que não convém marcar.
Farei melhor que tudo disso, deixarei para o futuro.
Nestas linhas inconfundíveis, podereis me encontrar.
A lembrança que aqui deixo, são dos anos não vividos.
Das palavras não ditas, dos desejos não realizados.
Pois tudo o que não foi, bem que poderia... num universo paralelo.
Acontece que nem tudo significa, o significado que atribuiu-se.
As lembranças que não foram, sempre são de maior valia.
Acontece que nesta fantasia, esquecemos as verdadeiras...

Basta Limpar

Não toqueis neste telescópio, pois não verás estrelas.
Ele está borrado da gordura ensebada dos olhos humanos.
Com ele apenas verá borrões, manchas iluminada.
Usai a manga de sua camisa, para permitir retirar as impurezas.
Quisera que também o julgamento das almas permitisse tal tratamento.
E no final de contas, tenha certeza que permite.
Ao contemplar a verdadeira história, tudo sempre faz mais sentido.
Por mais obscuro que se apresente...

Verdades inteiras e parceladas...

Eis que o concretismo desconstruiu minha trajetória.
Não me olheis como falso profeta, tampouco como conselheiro insano.
Sou apenas um ourives de palavras, cuja classe literária é um engano.
Preferi seguir caminhos não tão concisos.
Optei por curvas perigosas.
Sobrevivi até o presente, ausente de minhas responsabilidades.
Mas ainda consigo proferir meias verdades.
Acontece que as inteiras prefiro manter na gaveta da consciência.
Existem momentos nas quais podem vir a ser mais do que necessárias.

Puberdade do Caráter

Se, por hora o mal me atormenta a escrita.
Não te assustes, leitor incrédulo.
O dito pelo não dito talvez fizesse maior sentido, mas não descreveria a verdade.
Certamente que não poderia dizer aquilo que não penso.
Ou talvez não pudesse respirar o gélido ar quente, baforejado ao adentrar a madrugada.
Frio tal qual o gelo, mas ressecado tal qual o sol do meio dia.
Somos tão opostos e instáveis, que a alma humana não se aquieta.
Queremos sempre mais, além do que poderíamos.
Não necessitas fingir que não és como deveras pensas. Pois o julgamento que fazes de ti é a verdadeira forma pela qual te manifestas.
Estais aqui por uma razão, unicamente.
Lá, no fundo deste âmago que sustenta tu sabeis melhor que ninguém esta resposta.
Não eviteis a dor, mas construa pontos para sua lembrança.
É o calor quem permite a transformação do metal em instrumento.

Dores da Vida

O suor informe penetra as narinas ferrozmente.
O enjoo do fado que faz pesar o cérebro.
Doem os seios da face e as têmporas instáveis.
E, assediado pela dor carnal, o sangue ferve.
A impaciência excita a incerteza de estar além das possibilidades.
Como poderia deixar de contemplar a beleza do horizonte?
Ainda que me gotejem fluídos sanguíneos pelas narinas, não o deixaria.
A vida é tal qual se pinta: mas além dos fatos.
Santa arrogância que nos contempla, com seus lábios formando o riso de criança.
Somos perfeitamente desligados das lembranças.
As sensações sutis de dor, pavor e medo alucinam.
Mas tudo passa. O fim mortifica, mas a alma multiplica.

Suicídio e Temores

Escorrem por entre os dedos e impregnam as unhas o fétido odor do sangue.
A morte contempla a beleza da existência além da vida.
Além do norte, o mais profundo.
A beleza profana da carne ungida de vermelho.
Ao suicida, pelo que parece resta a inexistência.
Obsoleto.
Incerto.
Se houver o inferno, lhe caberá acolá um lugar reservado.
Mas se caso não houver, como receia este poeta...
Ah, neste caso haverá a eternidade e, o mesmo voltará.
E voltará, e talvez volte novamente.
E quantas vezes necessário o for, em prol de geminar uma boa semente.
Se houvesse apenas uma oportunidade, certamente que eu temeria.
E como temeria...

sábado, 14 de agosto de 2010

"Pós"

Não desnudarei a doce pele do amor.
Mas também ele um dia envelhecerá: seus tecidos estarão enrugados, envolvidos com a idade que me pesar.
Se talvez, por obra do inconstante tempo de viver, os olhos me fechar:
Entenderei que meu tempo se esgotou, mas não poderei simplesmente aceitar.
Como entender que não há além?
Que não há aquém, para o que ou para quem?
Seríamos o reunido pó, que ao pó voltará? Tão simples assim?
Se assim o fosse, nada demais haveria em nada fazer ou por nada lutar.
Mas se não buscarmos o pão de cada dia, a luz de cada manhã, o cheiro do orvalho ou o brilho dos olhares... ah, se não o fosse assim!
Ainda que eu entendesse os sopros divinos, jamais poderia deixar de aceitar.
Aceitar que há sim o mais um pouco.
Um pouco de mais e mais...
Olhe adiante, perceba que somos apenas parte do pó. Mas que depois do pó, seremos o fermento!

Palavras ao vento

São com as pedras recolhidas no caminho que tecerei a muralha do tempo.
E se ao fechar os olhos o fim chegar, não temeis: pois o fim nada mais é do que o recomeço.
Sigamos juntos a lugar algum, sentindo o cheiro das flores.
Não há tempo certo para a vida, tampouco para seu fim.
Mas também pudera, nada direi que possas me não compreender.
O vento soa tal qual ópera sinistra, mas encanta o coração.
Aguardeis que voltarei, de onde quer que eu esteja.
Para onde quer que eu vá.
Não deixarei de pensar, sequer um segundo. Pois a razão é o único bem que poderei deixar - sem jamais dele me esquivar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Encenação

Pararei de buscar razões, quando o que na verdade mais quero são condições.
Minha mania de sensatez dói, faz com que meus ossos sintam o fervilhar de emoções complexas.

Vivo o paradoxo da escrita. Não quero escrever, mas as palavras insistem em sair.

Fogem ao meu controle - como aves de rapina que saem em vôo. Seguem seus próprios caminhos, sem questionar qual caminho seguir.

Se é que tem uma rota. Rotas estão sem sentido ou direção estabelecida.

E a estilística dirá que não passa de estilo. Consideração ou marca que me atribua. Mas na vida não teriam tais facilidades.

Se vida for tema recorrente. Não frequenteis minhas idéias. O sentido de tudo é o ápice, o final e grande momento: o desfecho da peça.

E, quando do desfecho e fechamento da cortina - me procureis: no camarim da existência.

Caleidoscópio Psíquico

Acredito que eu posso pedir que se retire dos meus pensamentos.
Mas jamais poderia pedir que se retire de minha história.
A grande marca do tatuador do tempo, é a linha do tempo.
Por mais que as escolhas mudem o futuro, não retornam ao passado.
Não destroem a infra-estrutura básica produzida inconsequentemente.
Tal qual o político que superfatura obras em bem público, também somos corruptos ao nos permitirmos situações indesejosas.
Receosos estaremos após entendermos que o bem e o mal são situações inusitadas.
Limitaremos as verdades com o tempo, mas ao momento aquilo que realmente conta não importa - não faria falta, tampouco diferença.
Construímos pontes entre pessoas, com fins banais e interessíveis.
Crentes ou não da importância das relações, focamos os bens e não as pessoas.
Bens ou riquezas, grandezas ou pequenas coisas.
O que realmente importa não é o ter, mas o entender e o ser.
E se tudo há, quase nada podereis haver.
Existir é dolorível. Temeroso.
Tempos díficieis, como já disseste Einsten.
Torna-se mais fácil progredir no pensamento, do que nas razões de grande ordem.

Pacientes

Eis que aqui estou. Cá com os dizeres de sentinela.
A guardar as verossímeis verdades em absoluto.
A construmentar o consagrado início dos tempos.
Atento ao não ser mais do que pudermos evitar. De um orgulho de que não podeis gozar e tampouco se permitir.
A vaidade em vida é tal qual a flor: ao cair da tarde murcha e não tem mais valor.
Toda beleza aparente é sem sal. Tempestiva e inconstante.
Mas toda casca não deixa de ser apenas uma fina película, cujo recheio é de além-dor reconhecida.
Não saberia dizer o que penso, enquanto poeta incompreensível.
Tampouco o saberei em momento algum. O tempo é a escada dos afoitos.
Mas os degraus não se encontram onde deveriam, nem em parte curta do mesmo.
E se não há pontos de chegada, tampouco haverão de partida.
Não há lugar algum, apenas imagens criadas na psique humana.
Eis o grande sentido da inexistência existencialista: vivemos em um grande hospital psiquiátrico!

Devaneios de Cruzamento

Se faz crescente, na pequena alma do poeta, a vontade do vir a ser.
Ser aquele que faz a diferença, ou que traga a diferença.
Ser dos poucos que veem no horizonte as razões para seguir em frente.
Ser apenas. No sentido de existir.
E acertar, acertar e acertar - mil vezes e sem razões aparentes.
E se o caminho estiver inconcluso? Obtuso, entusiasto... fantástico que somente ele poderia estar?
Não há motivos para lágrimas, rebuliços ou intempestividades.
Caso não haja caminho possível, impossível não o será.
E basta seguir enveredado na serenidade pós-humana, que tudo ao fim termina pronto.
O frenético ponteiro do tempo passado já não mais move as fases da lua.
Crua como a carne exposta no entrecortado fio de luz.
Goteja como o orvalho o sangue escurecido, pelo ferro que lhe representa o íon presente.
Aparentemente, o tempo e a vida são apenas o que são. Mas nada é apenas o que aparenta ser. Nem jamais será.
Que alívio.

domingo, 25 de julho de 2010

O tempo vai tecendo uma teia, com nós certos e planejados.
Mas nossos olhos não compreendem a razão das causas.
Nossos sonhos não contemplam a verdade além da vida.
E além da vida há muito que não entendemos.
Há a ignorância material, que nos impede o acesso ao outro lado.
E do outro lado, há muito além de nossas expectativas.
Há, sempre que pensares em conforto, razões.
E por mais repetitivo que estas palavras pareçam, o verbo é exatemente este: Há.

sábado, 10 de julho de 2010

Desvendando o Poeta

A alma do poeta é inconstante...
Incoerentemente insensata!
Impossível compreender seus pensamentos.
Ler seus desejos, entender suas razões.
O poeta é duvidoso, de tantos pensares que lhe pesam no ombro.
Seus caminhos não são certos, mas obtusos.
Seus ladrilhos são rejuntados de trilhas e trilhas de entusiasmo.
E nas curvas para onde convergem seus sentimentos, há muitas mudanças.
Seus desejos não são simples, tampouco suas habilidades.
Se ora lhe parece ser plausível seguir destino, em instantes ele armará acampamento.
O poeta não chora, por ser homem.
Mas de suas pupilas saem o líquido do sentimento, nutrido pela vã esperança do amanhã.
E se o poeta não acreditar no amor, ele fenecerá.
Cairá às quadras do pasto seco.
Mas se acreditar, pode viver toda uma vida de mentiras, fantasias e do inusitado.
Ah, o poeta...
Ele é o que lhe são as palavras.
Mas quando ele já nada mais for, suas palavras lhe manterão!

domingo, 4 de julho de 2010

Filosofia Repentina

E se as palavras não fossem palavras?
Se apenas de sentimento se fizesse o mundo?
Tudo não passa de sonhos vivenciados no silêncio do momento.
Nem precisas entender o disparate, olheis para o horizonte expressivo.
Há coisas para fazer, dizer, ouvir.
Fará falta para sua madureza.
Não estranheis os sonhos estáticos, mas o fato de ninguém falar deles.

Personas

Não adentreis pelo saguão central.
Espereis que as donzelas da corte limpem o chão.
A limpeza talvez leve algumas vidas, mas apenas assim poderemos desfrutar de nossa insensatez.
Não espereis destes inergúmenos nada além da ignorância.
Respire o ar, tem feito frio nas últimas noites.
Sinto as gotículas nojentas do odor fétido proveniente dos estábulos.
O tempo voa para aqueles que tecem os acontecimentos, se me permite o comentário.
Não olheis agora, mas o poeta eternizou nossa conversa.
Nada além de frases soltas, desconexas.
Mas que um leitor entenderá como um brinde a não lucidez do eu-lírico sorridente.
Abra a mente, caro amigo, somos apenas marionetes de uma perturbada mente, soluçando de ébria no tempo presente!

Não ignoreis a verdade...

Não ouses prostituir teus sonhos.
Nem recortar a foto do tempo.
A única riqueza que deveras terás em toda a eternidade, será aquela que desconheceis seguramente.
Há coisas que sabeis, mas não deves recordar.
Assim como há recordações que tens, mas preferes ignorar.
A validade do tempo é a validade dos atos.
Mas nada pode mudar os fatos inconsistentes:
Eles não fazem sentido, mas tem toda a razão existente.

Paisagem Vazia

Já podeis observar o inobservável.
Não há colinas.
Não há arco-íris.
Tampouco haverá chuva.
Sem tons de cinza no horizonte.
Nem espere que vejas uma janela.
Não há portas.
Exise apenas o vazio, o inexistente.
O inexorável vento que dizina os sonhos humanos.

Maneiras...

A verdade é insignificante perante a vida.
A mentira é o DNA da espécie humana.
São tantas situações as quais ignoramos, que a mentira apenas nos ignora verdadeiramente.
Existem várias formas de se entender o mundo, mas ambas se fazem por duas saídas: a verdadeira e a equivocada.
Seríamos seguidores de uma verdade deturpada?

Tempos verbais

Numa solitária tarde de domingo, enquanto ouço o som do ventilador, sinto que na verdade nada tenho além do presente.
O passado já me foi tirado. Não faço caso de mantê-lo à mente por todo o tempo.
O futuro, em suas incertas linhas temporais, nada me assegura ou garante.
Mas o presente é ingrato, está passando.
Ele corre como o tempo, nos dias em que queremos viver situações eterenamente.
E como o carrasco das tristezas, ele se prolonga nos não tão alegres dias.
E nada como a lágrima a banhar a face, para conotar tal duração.
Presente ingrato, que já quando tu leres estas palavras - nada mais será para mim.
Passado ousado, cujo momento eternizei nestas palavras...
Futuro incomum, que lhe fez em seu atual presente, esbarrar nesta reflexão confusa.

Caminhos

Tenho certeza que o passado não é algo que possa ser mudado.
Tampouco esquecido.
Não adianta criar uma verdade que não tenha sido próxima.
Tampouco enterrar os erros do passado.
Tudo o que existiu, está impregnado em nossa consciência.
Mas nem por isso os erros devem ditar as novas deciões.
A vida carnal é por demais curta, para que seja vivida em cima de fatos que se passaram.
A cada saída na rodovia, sempre existe uma chance de voltar para um ponto ou ir para outro.
Os caminhos não são lineares - mas nem por isso não somos responsáveis por aqueles que tomamos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Partida

O relógio é o inimigo do prazer de vida.
Passam os minutos quando não queremos, reservam-se quando aguardamos!
Caminharei por entre seus vazios, a fim de tomar o ônibus noturno.
No caminho verei a penumbra, vazia e calada.
E no suave vento entenderei das necessidades sobresalientes.
Eis que irei, antes que nada mais possa fazer.
Voltarei em breve, ao recanto doméstico para me refazer.
Eis que somente assim, o ciclo permanece!

Poeta à Amélia...

Como já dissera a musa de muitos poetas, todo poeta tem não somente uma, mas muitas musas e inspirações.
E se para as poetizas pode não existir musa, mas um cavalheiro anônimo. Nada impede às contradições.
Afinal, o mundo é resultado de contradições que se confirmam.
E, até certo ponto de certezas que se contradizem.
As verdades poéticas são ininteligíveis aos ouvidos desatentos e, o mundo ao seu redor nada mais pode construir que os dividendos errantes de uma economia paupérrima.
E tendo a chaga da existência por curar no horizonte, aos solitários poetas resta a vida de Amélia, para muitos aterrorizante.
A comida não se faz por vontade própria, as roupas não se lavam espontaneamente.
A vida é como a corrente, ligada aos trancos.
Entrecortada aos barrancos.
Doce vida, como fel orvalhando um girassol.
Existimos em prol das oportunidades!

Assalto!

Eis que a voz de um meliante me pede os pertences, na penumbra e escura noite vagueante.
Mas nada terei de posses para te conceder forçadamente.
Serviriam meus sonhos como bem satisfatório?

Não me olheis com olhos de revolta insurgente.
São sonhos, mas não esnobeis e entendeis de má valia.
Custaram-me os anos, as escolhas e decepções.
Mas já renderam muitas das alegrias conquistadas!

sábado, 19 de junho de 2010

Expressão Heteronímica

Há um outro eu dentro de mim mesmo.
E este não me é conhecido, adormecido em suas reflexões e questionamentos.
Eu não sei viver sem este outro de mim.
Mas tampouco sei viver com sua presença.
Há uma divisão heteronímica em mim e, não sou Pessoa para suportar.
Não se trata de metafísica, tampouco de reação química.
Mas as personalidades reagem ao entrar em contato.
E das explosões surgem novas idéias.
Novas barreiras se constroem e novos caminhos emergem.
Não sei onde irei com tais dúvidas nesta relação.
Se eu quero atravessar o horizonte, outro eu quer nada além.
Aquém de qualquer sentimento, há a razão.
E por entre a razão as emoções.
Perdões.
Insatisfações.
Exatidões.
Expressões.
Assim não sei se sou o que sou, ou se sou o que sei.
Não importa mais, apenas nada saberei ou compreenderei.

Puberdade Adulta

Receio contar que, este poeta que vos escreve sofre de um grande mal.
Mal este que lhe torna instável e descontrolado: puberdade adulta.
O tempo passou, mas os anos regridem.
As folhas retomam os galhos da árvore do tempo.
Os desejos se desencontram da razão.
Os receios já não mais estão delineados. A coragem excessiva se interpõe aos dias.
E as palavras já não saem, mas rasgam o ar embaladas de emoção.
Os beijos deveriam estar mais vorazes, a carne mais suscetível aos imprevistos.
E talvez também o estejam.
Sintam o rasgar do sopro sobre a pele a arrepiar-lhes os pelos.
Ah, como poderia eu uma vez mais me adolescentar?

Ribeirão Preto, 154 Anos

Cidade que me acolheu, quando o mundo me estranhou.
Onde a maturidade chegou e se esvai quando preciso.
Onde o por do sol é sincero, tal qual o amanhecer.
Por onde caminho, dia e noite sem nada temer.
Cujos frutos estou a colher, cujas ruas tenho percorrido.
Onde o sonho apenas começou.
Crescente, delirante e jovem.
Ribeirão Preto é como já o disseram, a Califórnia Brasileira.
No semblante das pessoas há esperanças: verdades, ousadias.
E desafios, diários e enlouquecedores.
E nesta nova primavera de sua existência, qualquer fala que use não exprimirá seu significado por completo.
Em seu reto e tortuoso caminho, ainda temos muito por construir: juntos.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Identidade

Se de repente me calei, não ousais perguntar.
Se quissesses a resposta, não pronunciaria de fato a resposta.
Foi o uso e desuso, a vida e a morte, o acaso e o além das letras que, tecidos tal qual a rede aracnídea fundamentaram minhas decisões.
E não será de saliva que dissolverá os fios.
Tampouco terás força para destruir o indestrutível nó.
Estou a postos para as verdades. De pé frente as insurreições. Fechado para com seus olhares.
Não ouseis. Não provoques. Deixai que o tempo cicatrize, cauterize, recorte.
E que cole tal qual uma peça da arte do amor: como o caleidoscópio, entendei que sou assim: às vezes muito além, outras apenas alguém.
Não entenda minha inconstante verdade como única. Não sou eu, quando o sou. Mas quando não for, assim serei.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Talvez...

Talvez eu pudesse falar do momento, escrever sem rumo um novo poema.
Ou talvez eu pudesse simplesmente deixar de lado este desejo e abrir a janela, apreciar a rua e o vento gélido desta noite.
Mas se eu fizesse o que fosse, não teria graça.
Não teria verdade.
Não teria desejo.
Teria o importunamento de levantar-me deste edredon aquecido.
Por isso digo, nada posso.
Não poderei e tenho raiva de quem pense o contrário.
Só posso virar para o lado e dormir, que me é de direito!

Os amores também acabam

Como gostaria que os amores não se acabassem.
Talvez que se imortalizassem, feito os grandes feitos da humanidade.
Mas o amor é tão sutil, sensível e fraco.
Não necessita de nada além do que um simples sopro acentuado.
Vive de sentimentos puros, limpos e verdadeiros.
E quando faltam alguns destes reagentes, nada mais é sintetizado.
E não adianta usar de catalizadores falsos.
Tampouco funciona recorrer ao esparadrapo.
Feridas fundas não cicatrizam em uma noite de repouso.

E quando por fim tudo se acaba, apenas recomeça um novo caminho.
Não é apenas uma a paixão da vida. Mas as escolhas definem a profundidade.

Incertezas

Fechai as mãos em formato de concha e não olheis por entre os dedos.
Em vossas mãos há o dom da vida, o ar que respiras.
O mesmo ar que poluis, que sem perceber deixas de valorizar.
Somente quando tu compreenderes a verdade deste fato, terás um futuro.
Até então, existem apenas as incertezas.

Diálogo com o Leitor

Entendei este poeta que vos clama.
Não fazeis de mim instrumento para vossos amores.
Tampouco me procureis tão somente para aliviar vossos dissabores.
Não sou consolo, tampouco amigo.
Sou o palavreador dos tempos, cortando caminho por entre os dias.
Se respirades do mesmo ar que me sustento, entenderás que nem tudo o pensamento compreende.
Talvez nem mesmo os amores contemplem as maiores verdades.

E se o poeta não acreditasse no amor?
Poderia ser acusado de falso poeta, ou de insensível?
Apenas entenda, caro amigo leitor de minha poesia,
não sou um livro. Não tenho respostas.
Não sou o norte, tampouco o sul.
Em outras palavras o que sou é o centro, o começo, a nascente.
Sou intransigente e expressivo.
Sou dos que olham ao longe e entendem: é apenas o início.

Orquestra

O maestro estralou os dedos!
Principia-se o espetáculo.

Agita suavemente as mãos e entoa a melodia o grande corpo da orquestra.
E os jovens cantores, liberam suas vozes em coral de forma tão eloquente.

A cada desnível, a cada crescente vocal, os violinos acompanham apaixonadamente.

O som preenche, compreende, respira.

O som penetra, entende e comunica.

O som vive, como deveras lhe compete.

Pois apenas com o som, as palavras se completam.

E a letra não importa, a verdade não está à própria sorte.

O som combina, conjuga e corrompe.

E quando termina, aos ouvidos atentos apenas fica: o sombrio silêncio no horizonte.

Esquecimentos

Esqueci de dizer o que deveras tinha que ter dito.
Palavras esquecidas uma só vez, mudam pra sempre o curso dos fatos.

Fazem o hiato entre as verdades. Omitem as placas do caminho.
Mas podem ainda que tarde, acabar sendo proferidas.

Mas nada direi, nada sei.
Apenas não me lembro.
Talvez por conta do que já me esqueço.

E se o esqueci, como posso lembrar que não lembrei?

Lembranças inconstantes e inconscientes.
Inconsequência imatura e pueril deste poeta...

Noite fria

Caíram as trevas da noite.
Está frio, o vento corta as ruas com o chiar dolorido de sua passagem.
E cá estou eu, tomando meu copo de leite e comendo biscoitos.

Mas biscoitos acabam. O leite termina.
Nada me resta em uma noite fria, a não ser o edredon amigo.
Nada me basta além da minha própria sorte, do que meu próprio sono.

Se não há remédio para tal fato, abraçarei o travesseiro.
Passe bem.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ruído

Esperem.
Há um ruído diverso ao de um segundo atrás.
Ele é bem suave.
Parece bastante baixo.
Não consigo discerní-lo do silencio contínuo.
Mas cá está ele.
Curioso, ele persiste.

...

Ainda persiste.

...

Há um ruído.

...

Não sei que ruído seria...

...

....

.....

......

Ignoreis este ruído incessante.
Tomarei um prato de sopa.

Do outro lado

Apenas espio a fresta da porta.
Nada há do outro lado.
Nem luz.
Tampouco trevas.
Apenas há o que deveras teria que haver: aquilo que há do outro lado da porta.
Tens a chave?
Não encontro a minha cópia de outrora.
Acho que trocaram o segredo. Se o fizeram de nada adianta procurá-la.

Mas ainda quero ultrapassar esta porta.
Acho que tem algo do outro lado.
Mas e se de tudo o que eu não quiser, houver lá?
Talvez tenha. Ou não...
Apenas sei que não quero ultrapassar a porta, não agora.

Sentarei em um rústico banco do outro lado deste corredor e aguardarei.
Afinal, nada terei a fazer do que imaginar o que tens...
do outro lado.

Olhai os Lírios do Campo

Como me perturba a perturbação do mundo.
Queria apenas entender as dores e chagas desta bola suspensa no universo.
Somos tão ínfimos, na casca inútil da superfície.
Proporcionalmente, este pequeno universo interior em cada um de nós não tem representatividade.
E, ainda assim, faz-se corriqueiras tempestades todo o tempo.
Ah, se Érico Veríssimo lhe dissesse para que olhasse os lírios do campo, que farias tu?
Tais como eles, assim o somos. Apenas uma paisagem passageira.
Plantemos boas ações, para que estas sejam nossas germinadas semestes.

Flores para fases da vida

Não escolhas minhas flores, para a data que não está marcada.
Escolhei as rosas vermelhas, para meus amores proeminentes.
Comprai rosas brancas, a fim de celebrar minha paixão atual.
O amor, se tu quiseres um conselho, é como a língua portuguesa - complexa, mal falada e compreendida.
Nossos verbos complexos dispensam a pessoa. Mas nossa língua oral faz-la toda deturbada.

Ainda que eu seja varão, entenderei vossas rosas como um elogio.
Só não compreis crisântemo. Podeis escolher as azaléas.
Fazei um jardim, que lhe contemplarei com o prazer de minha visita.

Ande logo, não penses mais no caso.
Te perdoo as insanas paisagens mentais que me dedicaste.

Tudo a seu tempo, que nada vale mais do que o presente momento.
Aos que estão destacados de relações, se encaixem nos pontos abertos do quebra-cabeça da vida.

Não olheis para outro lado que não para vossas necessidades. A vida dos outros pode esperar por estes próprios.

Voltemos à escolha das flores, estas sim lhes serão indispensáveis!

Quando a loucura vier

Não me olheis com vossos olhos, inquisidores que só teus.
Entendeis que nada posso fazer para mudar o acaso.
Falais que nada fiz, porém não refletis sobre tais acontecimentos.
O sol se pôs um dia mais e, assim o fará por muitos dias que o virão.
Mas certo dia, ao anoitecer - aos poucos olhos que perceberão - haverá uma sutil diferença.
Será minha razão, dissipando no horizonte.
Neste dia tenha certeza, terei enlouquecido finalmente.
Até lá, não me questione ou julgue. Até porque ainda me resta a lucidez.

Um mais Desabafo Poético

Não sei se deveras tenho o poder de entender:
As razões inapropriadas do destino, ou ainda os desejos inviáveis da existência.
As dúvidas envolvem aos homens.
Não hoje, mas há séculos se o faz assim.
Tenho sim receios, de que por ventura eu não possa fazer o que vim executar.
Afinal, por qual razão aqui estaria?

Não consigo deixar de pensar sobre razões, justificativas.
A poesia, como obra inacabada de minha existência, apenas reafirma minha atual fala.
Não sou prosista, contista ou outro gênero-autor ambulante.
Sou poeta, dos mais rústicos e inacabados em vida.

Não escrevo da carne, mas das idéias.
Não regurgito a verdade proeminente, mas os pensamentos contidos.
Se tu pudesses me calaria os dedos, leitor?
Talvez mesmo eu o fizesse - tão somente para não mais proferir heresias.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Comentários desta página...

Caminhei por caminhos tortuosos.
Me perdi e encontrei novas alternativas.
Deixei o óbvio e justo momento,
Acrescentei ao incerto as certezas e razões.
Não pensei em como seria, o que faria ou como conseguiria.
Apenas não deixei a letargia dominar a situação.
Fui inconveniente, insistente e exigente demais.
Mas tudo passou.
Um novo dia se foi.
E tudo apenas preencheu uma única página do livro de minha existência.

domingo, 2 de maio de 2010

Construindo minha desconstrução

Bate, quebra, agita.
Constrói para depois descontruir.
Segrega, cimenta e ajusta.
Basta de construções, meu senhor!

Tu não sabe que a noite é feita
aos que nela necessitam amar, dormir ou refletir?

Tal qual vosso estremecedor ruído noturno,
também meu sono pretente ganhar a noite.

Mas ambos juntos não combinam,
nem mesmo com o baixo e compassado ritmo que sugeres.

Reformas noturnas em demasia,
deveriam era ser proibidas.
Mas se quiseres continuar, continue...
dia e noite, noite e dia...

Que dormirei em paz, fechando o vitral
e puxando o edredon por sobre a cabeça, não sadia...
de tanto sono perdido aos ruídos...