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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Comentários do poeta

Perdoe este humilde poeta, leitor desavisado.
Vivo no drama do mundo, o mal do século é a minha solução.
Eis que faço dos meus - pequeninos, porém enormes - problemas, a razão de todo o meu universo.
Contudo, tenho consciência das razões para não lhes impor ao mundo.
Sofro, como todo poeta, calado em meus dizeres.
Na heteronímia que herdei de Pessoa, vivo situações adversas em personagens que beiram à sandice.
Assim construo meus casos, no acaso da vida.
Na vida das palavras, tal qual arquiteto.
Assim projeto, assim construo e, reservo-me o direito de colocar tudo abaixo.
Não repareis nos meus modos, são impróprios a qualquer cavalheiro.
Sou ébrio, mas de sentimento.
E neste momento, sou apenas mais um solitário.
Dentre as várias janelas desta cidade.

Licença para minhas lágrimas.

Me perdoe leitor, mas não mais poderei conter.
De meus olhos descerão as lágrimas contidas.
Caminharão pela minha face, deliberadamente.
Temo ter que fazê-lo em público, contudo não vejo razões para segurá-las.
Confidencio-te que estas lágrimas tem sido mantidas há tempos.
Mas elas expressam o desejo íntimo de sair, tomar o mundo.
Banhar meu rosto.
E assim construirá o sabor salgado ao alcançar meus lábios.
Será acompanhada por um pausado soluço.
Já vem surgindo, mas alivia.
Não quero mais ignorá-la.
Não mais o farei.
Perdoe-me, mas agora prefiro me resignar a continuidade.
Deixarei que o tempo engula sua razão de existir, que os segundos pareçam décadas.
Com a certeza de que na verdade, em nossas vidas as décadas que são os segundos!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Caminhe!

Não tomeis do vinho da vida, sem que percebais o gosto dos sentimentos.
Poderieis fechar os olhos a cada novo amanhacer, contudo optais por arriscar um novo ensaio.
Viver sem envolvimento é um ser sem estar.
Acanhar-se frente aos obstáculos do mundo é não compreender a necessidade das adversidades.
Olheis a criança que espera o sol nascer para que possa novamente brincar, aprender e crescer.
Não contamineis a infância com seus pensamentos falidos.
A vida é um ciclo.
Cada idade tem sim, suas verdades e maravilhas. Mas nada é fixo. Tudo pode ser modificado.
As regras estão escritas, mas não é tabu ignorar algumas.
O grande segredo será sempre aprender com os erros. Construir com os acertos, mas edificar-se pelas tentativas.
A perseverança é o maior motivo de todas as vitórias.
Por isso mesmo, mergulhe o mais fundo que puder. Acredite o quanto for necessário, envolva-se nos abraços da existência.
Afinal, todo o tempo termina em dado instante. As pessoas partem, os sonhos sentem o peso dos anos e, nossas idéias sempre mudam.
Mude, seja também o que é - ainda que em estado amorfo.
Molde uma nova personalidade. Cative. Cultive o bem.
Tudo poderá ser mais fácil, mas o primeiro passo é inevitável.
E então, estarás pronto para a caminhada que mudará sua existência.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Poesia Técnica

Se eu ousasse escrever uma só palavra, seria desaforo.
Pois de almas perturbadas são os desaforos que se pronunciam.
O poetam quando fora do equilíbrio coerente, é apenas técnico.
Mas também pudera, sem a técnica não há poesia.
O sentimento, hoje fico em débito.
Quando chegar a fatura efetuo a paga.
Tem mais valia com sentimento, do que palavras ao seco.

Mudanças

Sabe nobre leitor, se eu pudesse mudar o mundo: Não mudaria.
Jamais poderia querer que a mudança promovesse transformações.
Somos frutos de nossos semeios.
Resultados de banhos de sol.
Lapidados pelas tempestades.
Se tudo mudasse pelo momento, em favor da razão irracional humana, de nada adiantaria o processo.
Não se trata de uma função de estado. O interstício faz toda a diferença.
Somos seres de uma vida carnal temporária.
Se tomarmos por referência os dias de nacimento e falecimento do corpo, nada importa.
Não há respostas.
Mas se analisarmos nosso percurso, tudo poderá ganhar um novo sentido.
Assim sendo, jamais terei a presunção de mudar o mundo.
Prefiro que, antes deste egoísmo, o mundo que me mude!