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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cuidados seus

O teu carinho me acalma, vosso olhar me vela os sonhos.
Onde esteve todo este tempo?
Me deixaste tomar toda a tempestade, não imaginas como estava denso lá fora.
Cada lágrima das nuvens que me molhou o rosto, intimamente corroía meus sonhos.
Estou fatigado, minhas pupilas doem.
Mas está tudo bem agora, sua presença me aconchega...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A dor que deveras sinto

O nosso querer, invisível ao nosso sentir, causou um ruído.
A fissura corrompeu o meu desejo, para além do que pudesses doar.
Me entreguei sem pensar, sem tampouco entender...
Quando dei por mim, uma vez mais, sobrou dor por machucar!




Também publicado no Coletivo Revolucionário.

domingo, 27 de novembro de 2011

O vai e vem da vida

Doem os corpos.
Moem os grãos.
Deixam os tempos.
Partem dos portos.
Ficam os nãos.
Passam os intentos.


E na contramão de todo o resto, sob o sol destes nossos dias, o vai e vem da esperança persiste...



Doem os grãos.
Moem os tempos.
Deixam os portos.
Partem dos nãos.
Ficam os intentos.
Passam os corpos.


E na sondagem psicológica da vida, nem um piscar de olhos se foi.



Doem os tempos.
Moem os portos.
Deixam os nãos.
Partem dos intentos.
Ficam os corpos.
Passam os grãos.


E não há lamentos, apenas suores, com o sol a pino.



Doem os portos.
Moem os nãos.
Deixam os intentos.
Partem dos corpos.
Ficam os grãos.
Passam os tempos.


Por fim, quando se percebe, tudo terminou em nossa vida.
Não há mais sorrisos, não há mais alegrias, não temos mais o que sentir.
Porque já não há o que viver...






Formatos

Como apanhar com as mãos o universo?


Como sonhar com o retrocesso?


Como perder o já perdido?


Tocando a vida, sentindo o cheiro da amizade, degustando o prazer do insensato.


Não está tudo certo, medido e pronto para uso... Sou daqueles que descobrem no improviso um sucesso fortuito, tanto quanto derrotas inconsequentes!


Os opositores também mudam, os agregadores podem a certo ponto não mais dar liga: tudo tem seu prazo de validade, acredite, mas não há prazos para prolongar sorrisos.


Não é exata ou tampouco reta a linha, mas, passível de tantos contornos quanto desejarmos lhe apresentar...


Não há tamanhos precisos, nem padrões formatados de paixões, amores e loucuras.


Tal qual a poesia, inventa-se a preço dos intentos.


E eterniza-se assim a todos os momentos, tal qual o flash que se dispara contra o terreno... brota-se então a semente de um quadro, que quando impresso ou revelado, pode preencher muitos vazios espaços.


O prego na parede já é outra história, mas também faz parte da notória arte de inventar!

Que seja, como deveras o deve ser o amor

Quero sentir o doce toque de seus lábios a acariciar minha face.
E me arde o peito em desejo de estar junto a ti.


Tenho na boca o gosto frio da noite, esperando seu beijo para esquentar o sangue e acelerar meus cardíacos batimentos.


O volume das cobertas, sob a luz do luar, em minha sombria e tímida cama, apenas representa o vazio que deixa.


Necessito da sua presença, tanto quanto o ar que respiro.


O vazio da madrugada uma vez mais devorará meus sonhos, sem os quais será difícil encarar um novo amanhecer.


Posso até sonhar contigo, mas se não estiveres materialmente a meu lado, de nada adiantará.


Se tua presença não se fizer presente, não apenas não terei um passado: como também não poderei planejar um futuro.


E se eu sigo caminhos rotos, inseguros e obtusos: creia em minhas palavras, falta-me o aconchego de seu abraço.


Tenho carência de suas mãos, desmedidas e estabanadas, a acariciar minha fronte.


Tenho a carência de sua voz, errando as letras e em desafino.


A carência do desalinho de minha vestimenta, acertada aos detalhes com seu carinhoso olhar.


Como poderei deixar de nutrir, no fundo de meu âmago, um amor sem limites?


Não posso sonhar além do horizonte que me proíbes.


Apenas posso esperar que nossos caminhos por fim se cruzem, cartesianos como sempre deveria ter sido.


E que se repita, uma vez mais. Outra vez também. Quantas vezes for possível.


Até que acabe o nosso fôlego, ou que a morte nos tome para junto de seu negro manto.


E se, como quisera acreditar, houver o além... também lá faremos companhia, já envelhecidos, um ao outro.


E se não for para ser de tal forma, que apenas seja o necessário para sermos verdadeiramente felizes.


E que quando as luzes se apagarem, a felicidade perdure até que alguém novamente lhe cause a faísca de lembrança!

Sondagem de uma insone noite

Madrugada adentro, os gritos presos na garganta se liberam.
O véu sereno da noite vela a insônia obsessiva: não sinto o toque do frio, mas o bafo de um calor extasiante.
E a tensão corrói meu (in)consciente temor: não há nada além da próxima semana, os próximos dias são o contexto de minha vida.
Situação atípica, mas cíclica... o temor do erro, da falha, o medo de seguir novamente pelo caminho mais tortuoso.
Não quero lembrar, o passado já está soterrado pelas novas experiências.
Porém o terror em meus pensamentos, sobrevivente, estará para sempre preso na inconstância e no pavor.
E o silêncio corta novamente o terror, apenas o ventilador dialoga, em zumbido cálido, com minha face. Brotam gotas de suor de minha testa...
A água já não mata a sede, o edredom esquenta, porém sem ele não durmo.
E quando dou por mim, entorpecido pelos pensamentos, já voei para a terra dos sonhos...





Também publicado no Coletivo Revolucionário.





sábado, 26 de novembro de 2011

Solitárias Dores

O que deveras dói não é a ferida.
Tampouco a tristeza de ter perdido da razão, ou a calma inconsistente.
De fato doem as razões inexplicadas de sua ausência, o suspiro de minha solidão.
Não posso, tampouco quero, viver sem sentir seu hálito junto ao meu nas frias manhãs...
Talvez, se já não me bastassem os sonhos, poderia viver de querer.
Um desejo insaciável, composto por tudo aquilo que já não mais posso tocar.
Uma vontade ímpar de tudo que já não mais posso provar.
Uma febre intermitente, por todo amor que ainda tenho por compartilhar...









Também publicado no Coletivo Revolucionário.

Boneco Usado

Se eu pudesse distrair o meu olhar, longe da maciez de sua face...
Talvez soubesse dizer-te não e perder-me menos na imensidão de seu amor.
Não que o quisesse. Tampouco gostaria.
Mas, algumas vezes, sinto que me entrego além da carne.
Além do toque.
Não sei mais o que sou sem a tua presença.
Não tenho mais o que fazer sem que tu aproves.
Apenas o sou, tão tímido e embolorado, um boneco em suas mãos.
E quando me toma em brincadeira, realiza todos os meus desejos.
Não me dói ser usado, quando pelas tuas alvas mãos.
Mas ficar trancado no escuro, faz doer até o interior de meus ossos.













Também publicado no Coletivo Revolucionário