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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um novo hoje

E se ainda ontem guardado em meu peito havia um doce grito sufocado, com amarras na razão, ousarei respirar: sem receio de que ele ainda exista.
Tive minha nova oportunidade.
Giramos a roda da vida e, num nuance fascinante, tudo ocorreu.
O medo tomou coragem, tal qual o pálido se enrubesceu.
As lágrimas brotaram do desejo de respirar e dizer: vencemos.
Vitória esta calcada em pequenas batalhas, contra obscuros inimigos.
O maior desafio estava em não provar para os outros, mas para mim mesmo.
E, quando enfim as letras fizeram sentido - acredite - nada melhor do que o sonho realizado.
Sono este não sonhado de tão longa data - mas refletido e amadurecido.
Com a luz de um pensar experiente.
Não que a maturidade e experiência estejam em estado máximo, estas continuarão avançando e - com o tom inocente - terá seus retrocessos.
Mas não mais estarei pautado nas nuvens, no éter que as circunde.
A questão é que o tempo nos faz ver que o rabisco é assim: cheio de significados.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Não me obrigues

Não me forceis a negar os sonhos que ainda tenho.
Pois caso faça, talvez os perca uma vez mais.
Já - em outro tempo que passou - os depositei em barquinhos de papel e lhes permiti que conhecessem o outro mundo.
Mas as janelas foram pintadas de preto.
Meus pensamentos não tiveram mais o direito de ver a claridade.
Pior que grades apenas o escuro, vazio e fétido.
Se por ora os sonhos não podem preencher os cantos, permita-lhes apenas que a luz lhes penetre.

Inseguro porto me que aguarda...

E perdido no meio dos meus pensamentos, o grito.
Enfurnado no lamacento mar de reprovas da vida, ondulante e insensível.
O sonhos, tal qual talismã vítreo, encontram seu fim ao tocar o chão de uma queda dolorida.
Os pequenos estilhaços de segurança, que ainda restavam, mudos e tementes, pronunciam-se para além do imaginário.
Mas tudo isso se processa nas cordas vocais imóveis.
O pensamento exige que se promovam, mas os sons não saem.
Da boca, descolorida pelo tormento humano, apenas sai um gemido.
Não griteis comigo, pois não posso responder.
Vítima ou não, já não posso revidar.
Nem posso pensar.
O ar está espesso e úmido, do medo que criei.
Bordado em duplos fios de solidão, tecido nos entremeios das omissões.
Tal qual o olhar imóvel que me resta, assim fico: ausente.