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quarta-feira, 28 de abril de 2010

O fato que por ora se fez

Decidi há dias.
Pensei por anos.
Interagi há poucas horas.


O chão não desabou.
O céu não escureceu.
O véu não se abriu.
Nada de inconveniente se sucedeu.


O fato está consumado,
basta seguir o caminho
já há tempos desenhado.

E se de incertezas e pedras,
o caminho estiver repleto,
nada poderá mudar o que deveras
se fez por completo.

E o simples ato de assinar ao caso,
tornou do acaso o desfecho impróprio.
Do momento a suspensão da dor,
e da existência um novo recomeço. 

Conselhos

Não me olheis de soslaio,
encare minha sensatez.

Tu quem inventaste os pretextos,
quem fizeste os adereços
e vestiu a malvadez.

Não quero ser o que não sou.
Tampouco falar o que não devo, mas aprende
que nada posso fazer - por quem não o mereça.

Sou amigo, dos amigos.
Sou a sombra dos merecidos.

Mas, aos que nada sabem da verdade - não sou nada.

E sou tudo: aquele que por ventura quiseras que eu fosse.
Mas não para os que não me mereçam.

Sei olhar com júbilo e alegria.
Porém também sei ignorar em demasia.

Deixai de lado o egoísmo,
aceitai que nada pode fazer perante os problemas do mundo.

O tempo é curto,
o fato é raro.

Não deixeis de conter os impulsos,
para não se arrepender os impasses resultados.

Apenas aos sóbrios surgirão os bons sonhos!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Em cena...

Ouço o sussuro de um desejo,
a vontade de uma nova passagem...
mas onde está meu texto?
Estarei no próximo ato?

Insensato.
Ingrato.
Nem tenho o que fazer,
não há um só fato.

Abriram-se as cortinas.
Não é Chaplin quem dizia - que a vida é esta peça de teatro?
Não foi Boal quem construiu,
do exato, o inexato?
da verdade, a arte?
e estou eu, como um boneco à parte.

Tenho receio do final deste novo ato.
Tenho medo de não ter vossas palmas.

Somos todas jovens almas,
inseguras, desentendidas.

No final, basta que sigamos a luz - para fazer o espetáculo.

domingo, 25 de abril de 2010

Sonhos e Tormentos 2

Confuso estou, com meus pesadelos,
nada doce os sonhos tem sido.
Uma amiga que me aparece,
cega e necessitando de atenção.
De repente percebi, que chorava na situação.
Não sei se sabia que era sonho,
tudo ofuscado se encontra então.
Tenho medo das inverdades verdadeiras
cujo véu do sono nos trás no colchão.
E se nas minhas lágrimas fossem uma dor maior,
ao me colocar na situação?
Tenho medo de pensar,
mas, mais ainda de viver com tal limitação.
Deixo esta vaga lembrança... para não esquecer
como doía o sentimento - no calor da emoção.

Defensiva

Acho que perdi o sangue da poesia,
ou talvez ele azedou.
Estou insensato e proseiro,
contador de causo é o que me restou...

Mas não me preocupo com este problema,
nada mais posso fazer...
Acho que do meu poema,
não tenho nem razões para entender.

Deixarei para os literatos,
educados na arte da leitura,
que me entendam ou critiquem
tal qual julguem o meu merecer.

E se em aberto, tudo o deixo,
esqueça.
Não irei fechar as idéias, cuja construção não acabou.

Farei a argamassa, recolocarei as paredes.
depois que meu forte estiver pronto - poderemos dialogar.
Até lá, vou escrevendo - sem rumo para atracar.

Domingo, 08h37

Hoje é domingo,
acordei pela manhã.
O sol chegou de mansinho,
mas ferveu-me pra levantar.
Agora, ainda cedo,
ouço o martelar de um obreirozinho...
a me contrariar!
Queria que tudo isso acabe,
ou que a coragem de cumprir meus afazeres
venha me participar...
Tenho um cesto de roupas sujas,
tudo isso pra lavar...
sem contar a louça,
que na pia está a esperar...

Sonhos e tormentos

Há duas noites, mal me lembro,
sonhei com a razão irracional da vida.
Escalava uma ensaboada escada,
escorregava e não alcançava meu lugar.
Nada além desta prosa-poesia,
nada além desta razão irregular.
Senti que alguém que conhecia,
longe dali estaria.
provoquei a ruptura da estrutura metálica
da escada de incêndio,
de tal forma que fui jogado para outro lugar.
Segurei firme nas estruturas e,
são e salvo cheguei lá.
Estou confuso com estes sonhos.
Tormentos inconfundíveis.
Não sei se são sonhos ou,
aventura de outro lugar.
Dormirei outras mais vezes, pra continuar
se puder novamente brincar!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Trabalhos

Construir ou Plantar?
Muitas vezes esta simples pergunta modifica todas as respostas.

Quem planta, haverá de colher - mas quem constrói, nem sempre terá um telhado para o acolher.

E se o digo - tenha certeza - não é no sentido absoluto da expressão.

Quisera poder não falar por metáforas - mas façam as apostas.

Depois do trabalho realizado, a colheita é sensata.
Mas da obra acabada, não fica nada além da idéia.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Prosa e Poesia

Em um só dia, poetizei
como não poetizo há anos.
Nas palavras que transcrevo,
ficaram-se razões de loucura.
Estou certo de que incertamente
estou proseando a poesia.
Não sei como será recebido,
tal processo pelos outros.
Mas talvez seja assim, que agora eu escreva.
Sem mais, nem menos,
ou sem menos nem mais.
Só sei que agora,
deixarei este blog em paz...

Queimação

No calor do momento,
sinto o arder queimar pela garganta...

Queima também o estômago.
Alguém tem um sal de frutas?

Não que eu queira tomar,
Na verdade nem sei se gosto.

Talvez a queimação acabe.
Talvez nada acabe.
Simplesmente nem cabe, filosofar tal razão.

Raio X da Poesia

E a poesia de faz de que?
De doçura, alegria e insensatez.
Mas e se tristeza houver em suas linhas?
Talvez seja a Lira dos 20 outra vez...

Acene para o poeta, leitor indignado.
Como pode ele refazer a poesia como obra prosaica?
Se fosse prosa a poesia outrora, talvez ninguém mais gostasse de seu gênero.

Mas como poeta que sou,
apenas sei que nada sou.
Se é mentira, não invento - tudo depende do sentimento.
Concreto?
Não sei...
Apenas sei que falo, por palavras, sem arquitetar patavinas.

...

Melancólico.
Estou.
Fiquei.
Nada Senti.
Estremeço.
Respiro.
Sinto.
Vejo a luz.
Artificial.
Imaterial.
Pueril.
Nada tenho a dizer.
...
...
...
...
Cansei da expressão!

Diálogo do Poeta

Por favor não me obrigue, a escrever quando não quero.
Ou usar de muito esmero, para meu texto enriquecer.
Não sou ourives de palavra, mas externador de sentimentos e se no momento não lhe agrado, sinto nada poder lhe fazer.

Nasci com a escrita solta e, desde bico de pena escrevo sem rumo ou direção.
Se cá coloco minhas palavras, que sirva de leitura e talvez reflexão.

Sou poeta e de nada penso tanto, apenas escrevo e não estou em busca de sugestão.
Se interpretares diferente de mim estas composições, talvez tenhas razão.
Mas a verdade é minha, tal como a autoria desta ficção.
Assim me compete o direito de manter minhas palavras e jamais revelar minha inspiração.

Gênese

Fez-se luz lá no princípio.
E logo verdejantes se fizeram os montes.
Águas cobraram a vida, conduzindo ao ócio.
Neste ócio nada funcionou e, como castigo veio o trabalho.
Com o ardor das mãos com bolhas, veio a busca de classes dominantes.
Uns fizeram-se melhores e mais poderosos que outros e - então tudo mudou profundamente.

Neste momento não mais existia o bem, mas o menos bem quanto fosse possível.
E aos poucos que foram confiados guiar de volta às origens, também o ócio tornou-se insinuante.
E ao poder renderam vossas vidas.
E do poder tornar-se-iam escravos.
Laçados e levados ao tronco da ironia, tudo ficou extasiante.
De repente nasceu um novo tempo, de onde nada mais poderia ser feito.
A dor e o sofrimento, foram considerados causa e efeito.

De que adiantou planejar e construir, quando as trevas voltariam a vir?
E então vieram as respostas, para quem as pudesse ouvir.
Não é o momento certo, mas caso queiras sabê-la - terá de partir.

A jornada é longa e exaustiva, mas não tenha medo de investir.
Ao final encontrarás - a resposta para nunca mais questionar o que sentir.

Desabafo Poético

Não quero saber de gramática.
Odeio concordar - o tudo certinho é irritante e um tanto quanto desnecessário.
Se tu ouvires um diálogo após vivê-lo, julgará que nada está correto.
Quando o deveras correto é fazer-se compreender e ser compreendido.

Gosto mesmo é da literatura, da verdade "in natura" do poeta errante.
Não gosto do certo, ainda que tenha a tendência de seguir tal linha.
Quero ser o rebelde adulto, cuja adolescência foi infame.

Permita-me viver perigosamente com as palavras, antes que também esta riqueza me cobrem.
Não vou rimar, a menos que queira.
Não vou poetizar, a menos que doa.
Não vou sorrir com as palavras, exceto em situações excitantes.

Irei arrancar lágrimas pelos olhos, carregar de nuvens as pupilas e - preencher de espinhos os presentes - para saberes a dor que existe.

Somente quando eu puder e quiser viver diferente, deixarei esta nova fase.

Agravante ou não de meu princípio, como escritor nada posso fazer.

Nascem as frases soltas de meus dedos, a correr por este teclado errante.

Aviso - minha insensatez

Leitor, se tu pusseres os olhos sobre este blog e perceber que nada tem sentido.
Não te assuste pois, o grande sentido de tudo é a falta de significação.

Não são os sentidos coerentes em si, tampouco a fala verdadeira e completa.

Falam-se coisas sem que se pense nas consequências e sem que se acredite no discurso.
Mas após escrito ou falado, tais mentiras tornam-se fatos e são ressignificados a cada leitura.

Exatamente por isso te rogo, caso minha profussão confusa de pensamentos te atormente - deixe de lado este caminho e tome por outros que julgar mais conveniente.

Perdoe-me a sensatez indigna de vossa atenção - mas convém informar para que se atente.

Não... Tenha certeza!

Não:
me calarei para teus gritos de lamento,
me sentirei menor se cresceres frente a minha pessoa,
me negarei ao direito de responder-te,
me esconderei do novo e do inseguro,
me deixarei levar pelo medo,
me afetarei com suas palavras malditas.
Pois sou forte como o vento e, tenho receio de que jamais viveria uma inverdade desmedida.
Nem tampouco aceitaria que tua verdade sobrepusesse aos fatos.
Quando acordares de tua insensatez - perceberemos juntos - que, de nada vale os dados adulterados de nossa infância, quando vivemos completamente.

Os últimos raios de luz

Um pequeno feixe de luz tem passado pela janela.
É o anoitecer.

Ele vem, voraz e faminto - tornando o dia escuridão.
Uma nova fração de minha vida está se completando e, sinto que de nada fui útil hoje.
Talvez esteja enganado, porém gostaria de poder fazer mais.

Esta ânsia que tenho de fazer tudo o que não fiz, de viver tudo o que não posso e de conquistar novos horizontes - só demonstra o quão incompleto estou.

Tenho que desapegar daquilo que não me é próprio.
Lançar mão de espinhos velhos e velhas flores.
Mas o orgulho e a vaidade não compreendem esta razão desmedida de irracionalidade.

Seria prudente tal escolha?
Nada saberei responder com olhares presentes.

E se amanhã bater arrependimento?
De nada vale viver de incertezas e, caso venha a ser fato tal sentimento, muito provavelmente é para que eu sofra de saudade.

Ah, saudade.
Como a tenho de várias fases de minha vida.

E de repente me deparo com outra saudade: não do que passou, mas daquilo que se passa.
Saudade de continuar a ver o sol deste dia, que se perderá ao anoitecer.

E o fino raio de luz, este vem diminuindo.
E continuará a decrescer.
Logo dará espaço para o início da treva noturna.

Com a promessa de, pela manhã novamente aparecer.

Sensações Vespertinas

Às vezes paro e penso.
E quando penso não sei bem a razão da ação, tampouco as consequências.
Mas sinto que se faz necessário rever - reviver, ainda que em pensamento, cada momento.

Se hoje tenho vossa indiferença, já tive bem mais que duras palavras.
Já tive o calor dos teus beijos, desejosos de mim.
Já tive o afago de teu abraço, como que a me proteger.
Disso, pouco resta e - em esporádicas vezes tenho sentido.

O distanciamento se prolonga e, com o passar do tempo - o que era bobo mais incrível se torna menos incrível e mais bobo.
O olhar já não é convidativo.
As palavras já não são sedutoras.

O sol já não mais serve para aquecer e sim, derreter uma fina camada de gelo.
O que já foi verão, hoje tem o tom de outono.
E tenho medo: medo do inverno que está por vir.
Medo de não ter o agasalho para sobreviver à tempestade.

Nada do que foi, novamente voltará a ser.
Talvez volte.
Muito provavelmente não retornará.

Caminhei longos caminhos e, de nada serve pensar que tudo posso se - e somente se - nada de garantia nos aprouver.

E se bato na porta, ouço tua rouca voz em resposta - obrigando-me a partir.
Nada mais importa.
Nem sei mais o que segura estas folhas que persistem ao vento outonal.

Ah, como sinto falta da primavera.
Seu sorriso puramente cheio de flores.
Um perfume sem igual.

De nada me adianta confundir os sentimentos.
De que resolveria reviver tais pensamentos?

O vento deste final de tarde sopra com uma grande onda de ar quente.
Sinto o escurecer como um melancólico adeus.

Talvez este poeta, novamente desta vez, caminhe para a tristeza e dor.

domingo, 18 de abril de 2010

Hora Perdida

Horas...

Acabo de peder novamente o a hora.
Mas jamais a encontrei, totalmente lógico - afinal, qual o seu princípio?
Como é sua composição?

O tempo não é matéria, tampouco uma reação...
Mas uma composição de fatos, entrelaçados e finamente costurados ao redor de ilusões.

E se de físico nada tem, por quê perdê-lo não faz bem?

sábado, 17 de abril de 2010

Aceitações

Sabe, eu cansei.

Cansei de antender a porta todos os dias.
Cansei de abrir os olhos todas as manhãs.
E de ver as mesmas falas, ouvir os mesmos gritos. Sentir o mesmo toque, beber dos mesmos sabores.

Mas nada faço em sentido oposto, de nada adianta ouvir o suspiro.
Resignadamente eu aceito, estremeço e recomeço.
Não vale a pena lavar os olhos, tampouco o vale encher a cara.

Não é uma garrafa de água nada doce, que mudará a minha verdade.
Sou inconformadamente conformado e se me calo, tão minha culpa se faz.
Não queria ser incapaz de entender e, de fato jamais o serei.

Mas por aceitar demais o mundo, dele me tornei apenas um número.
E como tal me vejo a subtrair e dividir.

Somente no dia em que aprender a somar e multiplicar, voltarei a não me calar.

Por ora continuo, sobrevivendo de estatísticas, numa página de jornal - sobre a qual dorme um morador de rua - numa seca e fria noite em praça pública.

O blog

De todos os cantos por onde escrevo,
do sério ao crítico,
do insensato ao coerente,
do miserável ao eloquente,
nenhum deles é de fato
marcado pelo que se sente
como o blog aqui presente...

Se da poesia caísse o orvalho,
menos dolorível seria
varar madrugadas ao baralho
da engenharia deste escrevente...