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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sensações Vespertinas

Às vezes paro e penso.
E quando penso não sei bem a razão da ação, tampouco as consequências.
Mas sinto que se faz necessário rever - reviver, ainda que em pensamento, cada momento.

Se hoje tenho vossa indiferença, já tive bem mais que duras palavras.
Já tive o calor dos teus beijos, desejosos de mim.
Já tive o afago de teu abraço, como que a me proteger.
Disso, pouco resta e - em esporádicas vezes tenho sentido.

O distanciamento se prolonga e, com o passar do tempo - o que era bobo mais incrível se torna menos incrível e mais bobo.
O olhar já não é convidativo.
As palavras já não são sedutoras.

O sol já não mais serve para aquecer e sim, derreter uma fina camada de gelo.
O que já foi verão, hoje tem o tom de outono.
E tenho medo: medo do inverno que está por vir.
Medo de não ter o agasalho para sobreviver à tempestade.

Nada do que foi, novamente voltará a ser.
Talvez volte.
Muito provavelmente não retornará.

Caminhei longos caminhos e, de nada serve pensar que tudo posso se - e somente se - nada de garantia nos aprouver.

E se bato na porta, ouço tua rouca voz em resposta - obrigando-me a partir.
Nada mais importa.
Nem sei mais o que segura estas folhas que persistem ao vento outonal.

Ah, como sinto falta da primavera.
Seu sorriso puramente cheio de flores.
Um perfume sem igual.

De nada me adianta confundir os sentimentos.
De que resolveria reviver tais pensamentos?

O vento deste final de tarde sopra com uma grande onda de ar quente.
Sinto o escurecer como um melancólico adeus.

Talvez este poeta, novamente desta vez, caminhe para a tristeza e dor.

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