Sabe, eu cansei.
Cansei de antender a porta todos os dias.
Cansei de abrir os olhos todas as manhãs.
E de ver as mesmas falas, ouvir os mesmos gritos. Sentir o mesmo toque, beber dos mesmos sabores.
Mas nada faço em sentido oposto, de nada adianta ouvir o suspiro.
Resignadamente eu aceito, estremeço e recomeço.
Não vale a pena lavar os olhos, tampouco o vale encher a cara.
Não é uma garrafa de água nada doce, que mudará a minha verdade.
Sou inconformadamente conformado e se me calo, tão minha culpa se faz.
Não queria ser incapaz de entender e, de fato jamais o serei.
Mas por aceitar demais o mundo, dele me tornei apenas um número.
E como tal me vejo a subtrair e dividir.
Somente no dia em que aprender a somar e multiplicar, voltarei a não me calar.
Por ora continuo, sobrevivendo de estatísticas, numa página de jornal - sobre a qual dorme um morador de rua - numa seca e fria noite em praça pública.
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