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domingo, 27 de novembro de 2011

Formatos

Como apanhar com as mãos o universo?


Como sonhar com o retrocesso?


Como perder o já perdido?


Tocando a vida, sentindo o cheiro da amizade, degustando o prazer do insensato.


Não está tudo certo, medido e pronto para uso... Sou daqueles que descobrem no improviso um sucesso fortuito, tanto quanto derrotas inconsequentes!


Os opositores também mudam, os agregadores podem a certo ponto não mais dar liga: tudo tem seu prazo de validade, acredite, mas não há prazos para prolongar sorrisos.


Não é exata ou tampouco reta a linha, mas, passível de tantos contornos quanto desejarmos lhe apresentar...


Não há tamanhos precisos, nem padrões formatados de paixões, amores e loucuras.


Tal qual a poesia, inventa-se a preço dos intentos.


E eterniza-se assim a todos os momentos, tal qual o flash que se dispara contra o terreno... brota-se então a semente de um quadro, que quando impresso ou revelado, pode preencher muitos vazios espaços.


O prego na parede já é outra história, mas também faz parte da notória arte de inventar!

Que seja, como deveras o deve ser o amor

Quero sentir o doce toque de seus lábios a acariciar minha face.
E me arde o peito em desejo de estar junto a ti.


Tenho na boca o gosto frio da noite, esperando seu beijo para esquentar o sangue e acelerar meus cardíacos batimentos.


O volume das cobertas, sob a luz do luar, em minha sombria e tímida cama, apenas representa o vazio que deixa.


Necessito da sua presença, tanto quanto o ar que respiro.


O vazio da madrugada uma vez mais devorará meus sonhos, sem os quais será difícil encarar um novo amanhecer.


Posso até sonhar contigo, mas se não estiveres materialmente a meu lado, de nada adiantará.


Se tua presença não se fizer presente, não apenas não terei um passado: como também não poderei planejar um futuro.


E se eu sigo caminhos rotos, inseguros e obtusos: creia em minhas palavras, falta-me o aconchego de seu abraço.


Tenho carência de suas mãos, desmedidas e estabanadas, a acariciar minha fronte.


Tenho a carência de sua voz, errando as letras e em desafino.


A carência do desalinho de minha vestimenta, acertada aos detalhes com seu carinhoso olhar.


Como poderei deixar de nutrir, no fundo de meu âmago, um amor sem limites?


Não posso sonhar além do horizonte que me proíbes.


Apenas posso esperar que nossos caminhos por fim se cruzem, cartesianos como sempre deveria ter sido.


E que se repita, uma vez mais. Outra vez também. Quantas vezes for possível.


Até que acabe o nosso fôlego, ou que a morte nos tome para junto de seu negro manto.


E se, como quisera acreditar, houver o além... também lá faremos companhia, já envelhecidos, um ao outro.


E se não for para ser de tal forma, que apenas seja o necessário para sermos verdadeiramente felizes.


E que quando as luzes se apagarem, a felicidade perdure até que alguém novamente lhe cause a faísca de lembrança!

Sondagem de uma insone noite

Madrugada adentro, os gritos presos na garganta se liberam.
O véu sereno da noite vela a insônia obsessiva: não sinto o toque do frio, mas o bafo de um calor extasiante.
E a tensão corrói meu (in)consciente temor: não há nada além da próxima semana, os próximos dias são o contexto de minha vida.
Situação atípica, mas cíclica... o temor do erro, da falha, o medo de seguir novamente pelo caminho mais tortuoso.
Não quero lembrar, o passado já está soterrado pelas novas experiências.
Porém o terror em meus pensamentos, sobrevivente, estará para sempre preso na inconstância e no pavor.
E o silêncio corta novamente o terror, apenas o ventilador dialoga, em zumbido cálido, com minha face. Brotam gotas de suor de minha testa...
A água já não mata a sede, o edredom esquenta, porém sem ele não durmo.
E quando dou por mim, entorpecido pelos pensamentos, já voei para a terra dos sonhos...





Também publicado no Coletivo Revolucionário.





sábado, 26 de novembro de 2011

Solitárias Dores

O que deveras dói não é a ferida.
Tampouco a tristeza de ter perdido da razão, ou a calma inconsistente.
De fato doem as razões inexplicadas de sua ausência, o suspiro de minha solidão.
Não posso, tampouco quero, viver sem sentir seu hálito junto ao meu nas frias manhãs...
Talvez, se já não me bastassem os sonhos, poderia viver de querer.
Um desejo insaciável, composto por tudo aquilo que já não mais posso tocar.
Uma vontade ímpar de tudo que já não mais posso provar.
Uma febre intermitente, por todo amor que ainda tenho por compartilhar...









Também publicado no Coletivo Revolucionário.

Boneco Usado

Se eu pudesse distrair o meu olhar, longe da maciez de sua face...
Talvez soubesse dizer-te não e perder-me menos na imensidão de seu amor.
Não que o quisesse. Tampouco gostaria.
Mas, algumas vezes, sinto que me entrego além da carne.
Além do toque.
Não sei mais o que sou sem a tua presença.
Não tenho mais o que fazer sem que tu aproves.
Apenas o sou, tão tímido e embolorado, um boneco em suas mãos.
E quando me toma em brincadeira, realiza todos os meus desejos.
Não me dói ser usado, quando pelas tuas alvas mãos.
Mas ficar trancado no escuro, faz doer até o interior de meus ossos.













Também publicado no Coletivo Revolucionário

domingo, 16 de outubro de 2011

Permita-me dizer...

Permita-me, nesta nublada e chorosa noite, invadir seu pensamento com minhas palavras...
Permita-me ocupar o vazio em seu semblante, afagar-lhe o rosto com meu toque.
Não te sintas triste, tampouco se ressinta com meus modos.
Apenas gostaria que estivesse, uma vez mais, a meu lado.
O tempo caminha, a largos e espaçados passos.
Sei que há muito, tempo demais por sinal, nossos caminhos se desencontraram.
Porém, saiba que nem uma noite sequer, passei sem pousar o pensamento em ti.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Perdão duvidoso...

A calmaria da noite zomba das contidas lágrimas que tenho no semblante.
Os passos sôfregos que escuto não são de estranhos a perambular pelas escadarias do condomínio, mas de meu coração inflamado de um sentimento incompreensível.
A amizade, cuja fragilidade lhe era perpétua, rompeu as amarras com a razão.
Não poderei perdoar, ainda que o queira.
Existem traições cuja face da lua apenas faz acentuar.
Ao acordar será um novo momento, mas, até lá procuro nas entrelinhas do edredom o perdido sono...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

(in)Existir...

Algumas vezes sinto a vontade de inexistir, pois assim não teria meu presente confinado em tanto por resolver.
Porém, não posso negar que seria uma lástima não partilhar o sorriso com amigos, o carinho com os mais chegados e, principalmente, não poder chorar de tristeza após os tombos da vida.
Não há um só dissabor que não deixe de compensar o vivido.
Tampouco há silêncio que não pronuncie o princípio de uma revolução.
Não será o grito e, tampouco o drama, que mudará o mundo. Mas serei eu, com meus pensamentos obtusos, que deixarei meus sonhos.
Talvez a colheita demore, a semeadura coube a mim, o resto é tudo incerto.
E nestas incertezas e inexatas conversas, este poeta cá vos implora: não deixeis de amar. Não o amor de novela, repleto de paixão arrebatadora, mas o amor de apego à vida, suas particularidades e especificidades.
Apenas quem ama, uma única vez e timidamente certo deste sentimento, compreende o por de sol ao final do dia!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Resignação Poética

Não olhe nos meus olhos, talvez eu não possa conter as lágrimas.
As feridas que nunca secaram estão sensíveis nos atuais momentos.
Ouço, ao longe, o ranger de portas que tentam ser abertas.
O fantasma do passado recai sobre nossos ombros quando menos esperamos.
Esta noite dormirei com as luzes acessas, tragando a tênue fumaça da existência.
Não mais proferirei este desabafo, resta-me a resignação da existência, alheio ao universo tal qual este me ignora.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pequenas considerações por beneficio próprio

Não gostaria de saber a razão, tampouco revidaria.
Suas palavras foram embebidas de um ódio, cuja única grande vítima apenas poderá ser a ti mesmo.
Se, conforme disseste, houvesse a presença reconfortante da figura benigna em teu coração, asseguro que não o teria feito.
Não existe uma guerra santa e, de acordo com o que aprendi por toda uma vida, os fins não justificam os meios.
Apenas tenho para seus ouvidos o silêncio, a resignação.
Não poderia enfrentar vossa insolente forma de agressão.
Sei bem que tudo isso não passa de uma maneira circunstancial de conceber as coisas; mas nada fiz (mesmo que seus pensamentos digam adverso).
Não guardarei sentimentos negativos, nestas linhas deixo o único traço de tais sensações.
Desculpe leitor, preenchi de modo sutil vossa leitura, com os desacasos de minha existência.