Madrugada adentro, os gritos presos na garganta se liberam.
O véu sereno da noite vela a insônia obsessiva: não sinto o toque do frio, mas o bafo de um calor extasiante.
E a tensão corrói meu (in)consciente temor: não há nada além da próxima semana, os próximos dias são o contexto de minha vida.
Situação atípica, mas cíclica... o temor do erro, da falha, o medo de seguir novamente pelo caminho mais tortuoso.
Não quero lembrar, o passado já está soterrado pelas novas experiências.
Porém o terror em meus pensamentos, sobrevivente, estará para sempre preso na inconstância e no pavor.
E o silêncio corta novamente o terror, apenas o ventilador dialoga, em zumbido cálido, com minha face. Brotam gotas de suor de minha testa...
A água já não mata a sede, o edredom esquenta, porém sem ele não durmo.
E quando dou por mim, entorpecido pelos pensamentos, já voei para a terra dos sonhos...
Também publicado no Coletivo Revolucionário.
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