Receio contar que, este poeta que vos escreve sofre de um grande mal.
Mal este que lhe torna instável e descontrolado: puberdade adulta.
O tempo passou, mas os anos regridem.
As folhas retomam os galhos da árvore do tempo.
Os desejos se desencontram da razão.
Os receios já não mais estão delineados. A coragem excessiva se interpõe aos dias.
E as palavras já não saem, mas rasgam o ar embaladas de emoção.
Os beijos deveriam estar mais vorazes, a carne mais suscetível aos imprevistos.
E talvez também o estejam.
Sintam o rasgar do sopro sobre a pele a arrepiar-lhes os pelos.
Ah, como poderia eu uma vez mais me adolescentar?
Sou o sangue. Sou a carne. Sou os ossos. De tudo o que sou, também não deixo de ser o espírito. Sou o que és meu nome. Sou o que dizem que sou. Mas acima de tudo: sou eu mesmo, mesmo que para alguns não pareça. E do cálice transbordante sou apenas o líquido que refresca a insana tarde quente de maresia. Sou da poesia, o poeta. Do canto, a expressão. Da alegria o disseminador. Sou ator e cientista.
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sábado, 19 de junho de 2010
Ribeirão Preto, 154 Anos
Cidade que me acolheu, quando o mundo me estranhou.
Onde a maturidade chegou e se esvai quando preciso.
Onde o por do sol é sincero, tal qual o amanhecer.
Por onde caminho, dia e noite sem nada temer.
Cujos frutos estou a colher, cujas ruas tenho percorrido.
Onde o sonho apenas começou.
Crescente, delirante e jovem.
Ribeirão Preto é como já o disseram, a Califórnia Brasileira.
No semblante das pessoas há esperanças: verdades, ousadias.
E desafios, diários e enlouquecedores.
E nesta nova primavera de sua existência, qualquer fala que use não exprimirá seu significado por completo.
Em seu reto e tortuoso caminho, ainda temos muito por construir: juntos.
Onde a maturidade chegou e se esvai quando preciso.
Onde o por do sol é sincero, tal qual o amanhecer.
Por onde caminho, dia e noite sem nada temer.
Cujos frutos estou a colher, cujas ruas tenho percorrido.
Onde o sonho apenas começou.
Crescente, delirante e jovem.
Ribeirão Preto é como já o disseram, a Califórnia Brasileira.
No semblante das pessoas há esperanças: verdades, ousadias.
E desafios, diários e enlouquecedores.
E nesta nova primavera de sua existência, qualquer fala que use não exprimirá seu significado por completo.
Em seu reto e tortuoso caminho, ainda temos muito por construir: juntos.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Identidade
Se de repente me calei, não ousais perguntar.
Se quissesses a resposta, não pronunciaria de fato a resposta.
Foi o uso e desuso, a vida e a morte, o acaso e o além das letras que, tecidos tal qual a rede aracnídea fundamentaram minhas decisões.
E não será de saliva que dissolverá os fios.
Tampouco terás força para destruir o indestrutível nó.
Estou a postos para as verdades. De pé frente as insurreições. Fechado para com seus olhares.
Não ouseis. Não provoques. Deixai que o tempo cicatrize, cauterize, recorte.
E que cole tal qual uma peça da arte do amor: como o caleidoscópio, entendei que sou assim: às vezes muito além, outras apenas alguém.
Não entenda minha inconstante verdade como única. Não sou eu, quando o sou. Mas quando não for, assim serei.
Se quissesses a resposta, não pronunciaria de fato a resposta.
Foi o uso e desuso, a vida e a morte, o acaso e o além das letras que, tecidos tal qual a rede aracnídea fundamentaram minhas decisões.
E não será de saliva que dissolverá os fios.
Tampouco terás força para destruir o indestrutível nó.
Estou a postos para as verdades. De pé frente as insurreições. Fechado para com seus olhares.
Não ouseis. Não provoques. Deixai que o tempo cicatrize, cauterize, recorte.
E que cole tal qual uma peça da arte do amor: como o caleidoscópio, entendei que sou assim: às vezes muito além, outras apenas alguém.
Não entenda minha inconstante verdade como única. Não sou eu, quando o sou. Mas quando não for, assim serei.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Talvez...
Talvez eu pudesse falar do momento, escrever sem rumo um novo poema.
Ou talvez eu pudesse simplesmente deixar de lado este desejo e abrir a janela, apreciar a rua e o vento gélido desta noite.
Mas se eu fizesse o que fosse, não teria graça.
Não teria verdade.
Não teria desejo.
Teria o importunamento de levantar-me deste edredon aquecido.
Por isso digo, nada posso.
Não poderei e tenho raiva de quem pense o contrário.
Só posso virar para o lado e dormir, que me é de direito!
Ou talvez eu pudesse simplesmente deixar de lado este desejo e abrir a janela, apreciar a rua e o vento gélido desta noite.
Mas se eu fizesse o que fosse, não teria graça.
Não teria verdade.
Não teria desejo.
Teria o importunamento de levantar-me deste edredon aquecido.
Por isso digo, nada posso.
Não poderei e tenho raiva de quem pense o contrário.
Só posso virar para o lado e dormir, que me é de direito!
Os amores também acabam
Como gostaria que os amores não se acabassem.
Talvez que se imortalizassem, feito os grandes feitos da humanidade.
Mas o amor é tão sutil, sensível e fraco.
Não necessita de nada além do que um simples sopro acentuado.
Vive de sentimentos puros, limpos e verdadeiros.
E quando faltam alguns destes reagentes, nada mais é sintetizado.
E não adianta usar de catalizadores falsos.
Tampouco funciona recorrer ao esparadrapo.
Feridas fundas não cicatrizam em uma noite de repouso.
E quando por fim tudo se acaba, apenas recomeça um novo caminho.
Não é apenas uma a paixão da vida. Mas as escolhas definem a profundidade.
Talvez que se imortalizassem, feito os grandes feitos da humanidade.
Mas o amor é tão sutil, sensível e fraco.
Não necessita de nada além do que um simples sopro acentuado.
Vive de sentimentos puros, limpos e verdadeiros.
E quando faltam alguns destes reagentes, nada mais é sintetizado.
E não adianta usar de catalizadores falsos.
Tampouco funciona recorrer ao esparadrapo.
Feridas fundas não cicatrizam em uma noite de repouso.
E quando por fim tudo se acaba, apenas recomeça um novo caminho.
Não é apenas uma a paixão da vida. Mas as escolhas definem a profundidade.
Incertezas
Fechai as mãos em formato de concha e não olheis por entre os dedos.
Em vossas mãos há o dom da vida, o ar que respiras.
O mesmo ar que poluis, que sem perceber deixas de valorizar.
Somente quando tu compreenderes a verdade deste fato, terás um futuro.
Até então, existem apenas as incertezas.
Em vossas mãos há o dom da vida, o ar que respiras.
O mesmo ar que poluis, que sem perceber deixas de valorizar.
Somente quando tu compreenderes a verdade deste fato, terás um futuro.
Até então, existem apenas as incertezas.
Diálogo com o Leitor
Entendei este poeta que vos clama.
Não fazeis de mim instrumento para vossos amores.
Tampouco me procureis tão somente para aliviar vossos dissabores.
Não sou consolo, tampouco amigo.
Sou o palavreador dos tempos, cortando caminho por entre os dias.
Se respirades do mesmo ar que me sustento, entenderás que nem tudo o pensamento compreende.
Talvez nem mesmo os amores contemplem as maiores verdades.
E se o poeta não acreditasse no amor?
Poderia ser acusado de falso poeta, ou de insensível?
Apenas entenda, caro amigo leitor de minha poesia,
não sou um livro. Não tenho respostas.
Não sou o norte, tampouco o sul.
Em outras palavras o que sou é o centro, o começo, a nascente.
Sou intransigente e expressivo.
Sou dos que olham ao longe e entendem: é apenas o início.
Não fazeis de mim instrumento para vossos amores.
Tampouco me procureis tão somente para aliviar vossos dissabores.
Não sou consolo, tampouco amigo.
Sou o palavreador dos tempos, cortando caminho por entre os dias.
Se respirades do mesmo ar que me sustento, entenderás que nem tudo o pensamento compreende.
Talvez nem mesmo os amores contemplem as maiores verdades.
E se o poeta não acreditasse no amor?
Poderia ser acusado de falso poeta, ou de insensível?
Apenas entenda, caro amigo leitor de minha poesia,
não sou um livro. Não tenho respostas.
Não sou o norte, tampouco o sul.
Em outras palavras o que sou é o centro, o começo, a nascente.
Sou intransigente e expressivo.
Sou dos que olham ao longe e entendem: é apenas o início.
Orquestra
O maestro estralou os dedos!
Principia-se o espetáculo.
Agita suavemente as mãos e entoa a melodia o grande corpo da orquestra.
E os jovens cantores, liberam suas vozes em coral de forma tão eloquente.
A cada desnível, a cada crescente vocal, os violinos acompanham apaixonadamente.
O som preenche, compreende, respira.
O som penetra, entende e comunica.
O som vive, como deveras lhe compete.
Pois apenas com o som, as palavras se completam.
E a letra não importa, a verdade não está à própria sorte.
O som combina, conjuga e corrompe.
E quando termina, aos ouvidos atentos apenas fica: o sombrio silêncio no horizonte.
Principia-se o espetáculo.
Agita suavemente as mãos e entoa a melodia o grande corpo da orquestra.
E os jovens cantores, liberam suas vozes em coral de forma tão eloquente.
A cada desnível, a cada crescente vocal, os violinos acompanham apaixonadamente.
O som preenche, compreende, respira.
O som penetra, entende e comunica.
O som vive, como deveras lhe compete.
Pois apenas com o som, as palavras se completam.
E a letra não importa, a verdade não está à própria sorte.
O som combina, conjuga e corrompe.
E quando termina, aos ouvidos atentos apenas fica: o sombrio silêncio no horizonte.
Esquecimentos
Esqueci de dizer o que deveras tinha que ter dito.
Palavras esquecidas uma só vez, mudam pra sempre o curso dos fatos.
Fazem o hiato entre as verdades. Omitem as placas do caminho.
Mas podem ainda que tarde, acabar sendo proferidas.
Mas nada direi, nada sei.
Apenas não me lembro.
Talvez por conta do que já me esqueço.
E se o esqueci, como posso lembrar que não lembrei?
Lembranças inconstantes e inconscientes.
Inconsequência imatura e pueril deste poeta...
Palavras esquecidas uma só vez, mudam pra sempre o curso dos fatos.
Fazem o hiato entre as verdades. Omitem as placas do caminho.
Mas podem ainda que tarde, acabar sendo proferidas.
Mas nada direi, nada sei.
Apenas não me lembro.
Talvez por conta do que já me esqueço.
E se o esqueci, como posso lembrar que não lembrei?
Lembranças inconstantes e inconscientes.
Inconsequência imatura e pueril deste poeta...
Noite fria
Caíram as trevas da noite.
Está frio, o vento corta as ruas com o chiar dolorido de sua passagem.
E cá estou eu, tomando meu copo de leite e comendo biscoitos.
Mas biscoitos acabam. O leite termina.
Nada me resta em uma noite fria, a não ser o edredon amigo.
Nada me basta além da minha própria sorte, do que meu próprio sono.
Se não há remédio para tal fato, abraçarei o travesseiro.
Passe bem.
Está frio, o vento corta as ruas com o chiar dolorido de sua passagem.
E cá estou eu, tomando meu copo de leite e comendo biscoitos.
Mas biscoitos acabam. O leite termina.
Nada me resta em uma noite fria, a não ser o edredon amigo.
Nada me basta além da minha própria sorte, do que meu próprio sono.
Se não há remédio para tal fato, abraçarei o travesseiro.
Passe bem.
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