Encontre

quinta-feira, 31 de maio de 2012

respeito

Acontece que não é respeito que perdi.
É respeito que ganhei.
De minhas próprias atitudes, para comigo mesmo.
E tal presente, de tão cordial e sensato, é insubstituível.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

saudosismo?

Não quero os saudosismos baratos.
Nem me venha com ele caramelado, empanado ou afins.
O passou, pra mim, é aprendizado.
Saudades? E quem não o sente?
Mas não posso conduzir a vida toda em uma única marcha.
O tempo, como já diz o ditado popular, corre por entre os dedos.
E me apetece bem mais viver pelo presente.

eternamente nos sonhos

Sonhamos tanto. Esperamos tanto.
A ponto de edificarmos, em grãos frágeis de areia, todos os nossos sonhos.
Mas, então, vem o vento. A chuva lava todas as torres.
E ao final, percebemos que nada era real.
E de que vale a lição?
Nada seríamos. Sem sonhos. Sem esperanças.

terça-feira, 29 de maio de 2012

devaneios de fim de maio

Mais um mês de maio que se encerra.
Não houveram buquês, casadinhos, véu ou grinaldas.
Não comprei alianças.
Nem sequer um beijo de paixão provei.
Há muito que não acredito em princesas. Sim, eu bem sei.
Devem ter ficado todas naquele passado remoto, dos contos fantásticos.
Os contos contemporâneos tem mais a veia das solidões inesquecíveis: e viveu solitário para todo o sempre.

infindas loucuras

Tenho me deparado com o infinito.
Pelo tempo dos tempos.
E ele tem o olhar expressivo de um para além do túmulo.
Seu hálito é inebriante, mas consome meu passado em segundos.
Não vejo além do presente, que, para ele, já me é passado.
Estou todo inexistente. Limitado. Em suspensão.
Não há soluções prontas.
Tomado da resoluta questão, mergulho em sono profundo.
Não me adianta exigir conhecer para além das expectativas dele para comigo mesmo.

maktub

Não estou para além destas palavras.
Nunca estive.
Tampouco, um dia, estarei.
Pois, vindo do pó - para tal voltarei. E, de tudo o que digo, apenas o que escrevo manterei.
Manterei intacto. Incerto. Confuso.
À espera que não haja outro incêndio em Alexandria.
E que, este mundo cibernético que me abriga, continue a colecionar meus versos.

eu bem que...

Eu bem que poderia, confiantemente, deixar meus sonhos repousarem ao sol.
Talvez, se assim o fizesse, o bolor dos anos que os mantenho neste baú de sentimentos, pudesse enfim se dissipar.
Eu bem que poderia.
Mas há muito que não sei o que é a luz.
Tem tanto que não me recordo onde guardei as chaves.
Tudo que posso fazer é pensar: bem que poderia. Eu.
E nestes vão e vem de pensamentos, já se cobre o horizonte com espessas nuvens. Com o cheiro molhado de uma nova tempestade.

ira tua

Confio em ti o meu segredo. Confio em ti meu sentimento.
Mas percebo que, por hábito insosso, faz parecer que nada disso significa nada.
E então, toma as minhas mais sutis lembranças - cristalinas - e arremessas contra o concreto.

Os cacos cobrem, desta forma, quilômetros.
O que era pra estar condensado, acolhido, foi transformado em miúdos.

esfarelando-se ao toque

Há, sim, uma multidão.
Com seus ruídos ensurdecedores.
Com seus calorosos olhares curiosos.
Pasmos.
Confusos.
Com o odor característico de um dia de trabalho.
E, cá comigo, apenas percebo o vazio.
O deserto de meus pensamentos.
O incerto de meus desejos.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Talvez um dia a gente acorde e perceba que, cômico ou trágico, tudo não passou de um conto fantástico. Absurdo.
E que tudo o que pensávamos ser, ao final das contas, era apenas a imaginação de um escritor de meia idade.
Sendo assim, talvez compreendamos que nada era o que parecia. Nada - nem a pior das desilusões - era verídica. Por isso mesmo, talvez devamos nos conformar mais com quem somos e aceitar nossos papéis já atribuídos. Todo romance tem sim os mocinhos e os bandidos.

para além do necessário

Quem de vós nunca nutriu esperanças em quem não devia?
Consuma-se o fato ordinário.
Na pilha de processos por julgar, deste dia.
Para desencanto de alguns e por inconsistência de sentimentos de outros.
Alguns corações se ferem, outros tem a deselegância de preencher-lhes de feridas.

e se vivo?

Se vivo de amores passados?
Não lhe interessa.
Quero almejar sonhos futuros, mas, até que os vislumbre, não vejo mal de olhar o descortinado sonho que se consumiu.


Com efeito, posso derramar algumas lânguidas e sutis lágrimas.
Apenas algumas.


O tempo pode caminhar a passos largos, mas o coração desconhece tal sina.

sábado, 26 de maio de 2012

as funções do tempo

Se há algo que o tempo faz, perfeitamente, certamente é o esquecimento.
Ele cicatriza todas as lembranças, cobrindo-lhes com o véu do desconhecimento.
Gerações se perdem.
Histórias morrem.
Verdades se escondem.


Certas vezes há, que, de tão perfeitamente, o que se perde é para todo o sempre.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

negativa

A negativa me seduz.
Corrompe aos pudores desnecessários.
Entope as vias auditivas.
Preenche de vontade aos negados.

ciclos

Se outrora eu senti o toque da escuridão do manto da noite,
se acabou.

Ao final, sempre há um feixe inundante de luz, refletido dos ladrilhos.
Sempre há uma onda de calor que consome ao frio.
E derrete os sentimentos amargos.
Sublima as vontades contraditórias.

Mas, também este extasiante momento, se acaba.
Pois, ao crepúsculo, um novo anoitecer se anunciará.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

aguardo

Não vejo problema em esperar.
Mas não te demores.
Aguardarei até o por do sol.
Quantos pores de sol for necessário.


...

dúvidas

No princípio tudo era dúvida.
Com o decorrer do tempo, ausentam-se as respostas.
E de tanto se ausentar, um dia perde a graça de continuar perguntando.


E o silêncio congela as indagações.


E a poeira abaixa.


Então chega alguém novo, com a mesma dúvida.
E a irritação de não saber, já não passa de uma vaga lembrança.

recicle

Hoje em dia está em uso corrente a reciclagem.
Confuso.
Interessante.
Utopicamente contrastante.
Quando mesmo iniciaremos a reciclagem de sentimentos?

entendente

Quisera mesmo entender de tudo.
Adoraria.
Mas, como não posso, até lá entenderei de nada.
Nada é muito mais difícil de entender, mas persisto.

leitura

Os finos rastros de água em meus olhos, não foram de colírio.
As sutis engolidas em seco, não foram de alegria.
Os desesperados isolamentos, não foram ocasionais.
Não adianta ler um parágrafo, para que me conheças a história.
Sou um livro grosso demais, para que arrisques palpites precipitados.

esfriou

Esfriou.
O café, que aguardava meus lábios.
O vento que ecoa no metal avermelhado das janelas.
O sentimento que sofreu - catalizadamente - exposição à vida real.
Também, pudera, tudo acaba por esfriar.

declaro

Fatidicamente declaro:

Certamente o sou para além desta era.

Pertenço - ocasionalmente - para além do retrocesso.
Sim, parei no tempo do mal do século em sentimentos.
Estacionei no modernismo das revoluções literatas.

Talvez por isso não sabia a que vim, tampouco para donde vou.
Apenas sigo, observando os esforços esquivos.

Humanalidade para Objectualidade

Temerosos os tempos que vivemos: vale mais o que se faz.
Mede-se o sucesso pelo que se tem.
Os objetos são ícone de tudo.
Valem por tudo.
Absorvem as lágrimas e engolem os sentimentos.
Tenho me sentido um náufrago, em tal tempestade.
Sempre à espreita de medidas mais humanalistas.

Na espreita, em espera

De nada me adianta esperar.
A espera impaciente corrói minhas entranhas.
A escuridão, que vem chegando mansamente é fria.
Ingenuamente, espero assim mesmo.
Mas o que espero, de tão ardente, estrala aos ossos: a solidão.

Terrores

E no tremor da voz de Renato Russo, em "Teatro de Vampiros", não há poeta que não compreenda como 'ninguém' de fato consiga perceber.

Os nossos maiores terrores estão onde ninguém pode alcançar.

Trancando

Vou fechar as trancas.
Não o faço para evitar que alguém entre. Pelo contrário.
Não quero sair, o mundo é muito complicado.
Prefiro curtir a solidão errante de mim mesmo.

Procura-se

Não estou buscando nenhuma grande verdade.
Prefiro uma vitrola, um disco de vinil, um bom vinho e uma massa.
E curtir a solidão, à sombra dos galhos da existência.

Querer egoísta

O que eu desejo?
Não há palavras, tampouco objetos que satisfaçam.
Quero tudo aquilo que só faz bem a mim mesmo.
E por isso mesmo, egoisticamente, é que o quero.

Melodramático

Dê-me uma injeção de melanconia.
Ligue o meu rádio. Coloque o som no último volume.
Quero me deliciar ao som das verdades que me fortalecem.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

pensamentos rodeados

Fechei a chaves minha caixa de Pandora.
Já perdi além do que podia, quando nada de especial tinha.
Naufraguei no horizonte de areia, pensando que - finalmente - tudo poderia ser diverso.
Que nada, apenas mais do mesmo. De sempre.

silêncio

O silêncio pra mim é este barulho extenuante, de minhas noites solitárias.
Me acalenta, esquenta meus ossos.
Vela pela minha insensata insônia forçada, quando simplesmente escolho não querer dormir.
Embala minhas fantasias, meus pensamentos exacerbados.
Constrói uma vida para além da minha sanidade.

(des)atreva

Não se atreva a me dizer.
Não pretendo ouvir.
Tampouco ler, ou sentir.


Quero continuar ignorando o que pensas, pois pra mim não importa.

vazio

Aprendi, em alternativas rotas, que o vazio é um conjunto sem elementos.
Hoje, em alternativas consistentes, de forma empírica, percebo que na verdade ele é poeticamente unitário.
O poeta é sempre um elemento do vazio.
{ }


Em absoluto.

personalidade

Línguas rotuladoras são apenas reflexos de cabeças ignóbeis.
Primeiras impressões são insensatas e desprovidas de boas análises.
Por isso prefiro literatura, bons autores não apresentam personagens desprovidas de personalidade, mas lhe constroem todo o caráter, ou sua falta.


Prefiro imaginar em moto perpétuo, a especular com apenas uma olhadela.

conselho às casadoiras

Bela donzela, sente e aguarde.
Seu príncipe um dia chega. Sim, chega.
Mas até lá, vais beijar muitos sapos e enfrentar muitas adversidades.
Só não se esqueça de umas boas dosagens de botox, aplicadas pra manter a serenidade e perder o talento da expressão.


Belos príncipes encantados gostam mesmo de mulheres plastificadas.

vivência

Não mandarei recados.
Aguardarei que o tempo trate de entregá-los.
Por mais que demore, não falha.


E prefiro acreditar que seja mais prudente: há verdades que só sofrendo que se aprende!

O meu sincero eu

Minhas mais sinceras palavras, não estão escritas o faladas.
Estão expressas no meu olhar sombrio.

Quase

O quase é o pior dos defeitos.
Além de piorar tudo, ainda cria um conflito psicológico.
Estar quase é não estar no ponto, é precisar de mais sofrimento.
Talvez de mais sangue jorrando ao vento (gelado).

Faz favor...

Daí, se tu quiseres me fazer um favor, agradeço.


...


Dê o fora dos meus pensamentos. E por favor, deixe as chaves embaixo do tapete.

Direto

Entrei, confuso, na fase sintética.
Não falo por horas, não encontro cruzamentos ou sinais, apenas sigo.
Indeterminadamente.

Fale

Se me quiseres agradar, use as palavras.
Caso me queiras magoar, continue usando além do limite.
Tem dosagens, mal temperadas, que corroem todos os etéreos sentimentos.

Matematilizando

Estoure seus miolos, com pensamentos concretos.
Talvez assim, sacrificado, possa ofertar melhores valores para essa sociedade (in){existente, competente, consistente}...
E aplique uma distributiva na expressão!

Meias doces acionárias

Compreenda: não sou de contar mentiras.
Não espero meias doses.
Apenas preservo minha intimidade.
Quando eu precisar, acredite, venderei ações para que cuide dos meus problemas.

Sente cá, do meu lado

Não me diga verdades incertas.
Me diga certas verdades.
A vaidade talvez seja o seu pior defeito, mas, ainda assim, posso te acolher em meu abraço.

TV

O chiado é da TV.
Te aliena, te condena, te distorce.
Os livros não fazem ruído, não fazem juízo, não esperam nada além de uma boa leitura.
Os comerciais e tendenciosismos preservam o status quo conservadoramente errante.

Estralos, Instalos

É certo que se pese os valores. Que se pesem o pensamento.
Que se pluralize o singular para aquém do necessário.
Não me vale, de nada, tantos pesos e medidas divergentes.
Dê cá um pensamento ignóbil.
Estralarei cada um de seus compridos neurônios.

Desbaratinização

Diga olá.
Diga.
Ainda há o tempo.
Os ponteiros cruzam o concêntrico modo de entender.
Não compreendo, não saem de fato do lugar. Andam baratinados, sempre voltam aos mesmos lugares.
Não quero sentir tal liberdade, cínica, quero antever o futuro estranho, pra me prevenir de voltar aos mesmos lugares.

Quereres

Não quero mascar gomas.
Quero penetrar nos pensamentos obtusos, incertos, incompreensíveis.
Mergulhar de cabeça para longe de tudo aquilo que me devora em palavras.
A brisa deste anoitecer é provocante. Confusa.
Molhada.

Imperceptível

Não precisarei me infiltrar por debaixo da mesa.
Tampouco me esconder nos cantos: com o correr dos anos, aprendi a ser transparente.
Assim sendo, por mais que grite, me exalte e gesticule... não serei notado.