O poeta que vos fala não faz apenas poesia.
Não escreve apenas para o vento.
Sequer estende a toalha no varal da vida, para que seque com o sopro do tempo.
O poeta também escreve o vazio. A ausência de sentimentos.
E, perdido em palavras sem causa ou efeito, dá sentido ao insensível sentimento.
O poeta também tem contas. E sofre, em silêncio e sem poesia, para arranjar dinheiro para pagá-las.
Não que o seu salário não lhe baste. Bastaria, se assim o pudesse.
Mas, fazer poesia e viver de maresia, é pra bem poucos: acredite.
E o poeta também fraqueja. Desiste, quando cansa de persistir em lutas aparentemente perdidas.
Mas, a desistência, este mal insuperável, pode até render novas energias.
E assim o faz.
Mas deixa cicatrizes incicatrizáveis. Feridas abertas, ocultas do leitor.
O poeta sente sim, no seu âmago, a vontade de chorar.
E o faz, na escuridão de seu quarto, a observar a luz da noite.
E se permite ouvir melodias chorosas, enquanto medita.
Mas este poeta jamais o admitirá frente ao leitor.
Não transparecerá, pessoalmente, as amarguras que lhe consomem profundamente.
O sorriso do poeta é largo, profundo e inteiramente incoerente.
E dos amores que vive, o poeta prefere partilhar o que lhe foi bom.
O que lhe foi sensato, diante do esperado.
O poeta sofre, em segredo, o mal das perdas.
O mal das dores.
O cheiro dos dissabores.
E quando acredita em suas histórias, investe créditos do coração.
Diga ele que não, deixem de acreditar: o poeta se envolve.
Pode ser um simples beijo: mesmo que sem rosas, chocolates ou carícias mais quentes.
Mas, por malevolência dessa existência humana, toda história tem início e fim.
E nesse meio, com tantas pedras no caminho, é com o fim que o poeta não sabe lidar.
Com o fim sem uma mensagem sequer.
Com o fim com e-mails incertos e malditos.
Com palavras faladas, sem explicação.
Não, o poeta geralmente não sabe terminar as coisas. Fazem isso por ele.
O poeta é sentimento por demais. Ainda que triste, ele arrasta por anos o amargor de se ver frustrado em um amor.
E escreve, frugalmente, como se toda a vida fosse bela.
Não se iluda, leitor, não são muitos os poetas do mal do século.
A poesia concreta está além do escrito. Sempre esteve.
Admito que, como poeta, não me fujo à regra.
Mas escrevo com o sentimento de tristeza, na maioria das vezes.
Eu sei que, para um pseudopoeta, me atrevo além do que devo na poesia.
O faço por vontade e por amor.
Talvez mais pela primeira do que pela segunda.
Poetas não tem muitos amigos: as mães advertem às meninas que músicos e poetas não são boas pessoas.
E o mundo adverte aos poetas que toda dor pode ser piorada.
Se as mulheres não gostam dos poetas, há excepcionalidades. Assim como há poetas que não gostam de mulheres.
Tanto doce que, para um paladar diabético, melhor seria lançar mão a um adoçante.
E as cores da vida se apagam.
Os sentimentos se misturam e se tornam inalcançáveis.
As noites se consomem, frias e inocentes.
Os dias se colocam, para as brutais tratativas de "tudo bem".
Mas, bem lá no fundo, nada está bem.
Talvez jamais tenha estado. Ou, quem sabe, jamais fique realmente bem.
O poeta guarda, em sua caixa de pandora, todos os sentimentos.
Permite apenas que, aos poucos, o leitor o (re)conheça.
E que bote reparo, nas palavras sem sentido, para ler seus sentimentos.
E se o poeta diz mais do que deve, merece sua pena: o reconhecido desconhecimento.
Não escreve apenas para o vento.
Sequer estende a toalha no varal da vida, para que seque com o sopro do tempo.
O poeta também escreve o vazio. A ausência de sentimentos.
E, perdido em palavras sem causa ou efeito, dá sentido ao insensível sentimento.
O poeta também tem contas. E sofre, em silêncio e sem poesia, para arranjar dinheiro para pagá-las.
Não que o seu salário não lhe baste. Bastaria, se assim o pudesse.
Mas, fazer poesia e viver de maresia, é pra bem poucos: acredite.
E o poeta também fraqueja. Desiste, quando cansa de persistir em lutas aparentemente perdidas.
Mas, a desistência, este mal insuperável, pode até render novas energias.
E assim o faz.
Mas deixa cicatrizes incicatrizáveis. Feridas abertas, ocultas do leitor.
O poeta sente sim, no seu âmago, a vontade de chorar.
E o faz, na escuridão de seu quarto, a observar a luz da noite.
E se permite ouvir melodias chorosas, enquanto medita.
Mas este poeta jamais o admitirá frente ao leitor.
Não transparecerá, pessoalmente, as amarguras que lhe consomem profundamente.
O sorriso do poeta é largo, profundo e inteiramente incoerente.
E dos amores que vive, o poeta prefere partilhar o que lhe foi bom.
O que lhe foi sensato, diante do esperado.
O poeta sofre, em segredo, o mal das perdas.
O mal das dores.
O cheiro dos dissabores.
E quando acredita em suas histórias, investe créditos do coração.
Diga ele que não, deixem de acreditar: o poeta se envolve.
Pode ser um simples beijo: mesmo que sem rosas, chocolates ou carícias mais quentes.
Mas, por malevolência dessa existência humana, toda história tem início e fim.
E nesse meio, com tantas pedras no caminho, é com o fim que o poeta não sabe lidar.
Com o fim sem uma mensagem sequer.
Com o fim com e-mails incertos e malditos.
Com palavras faladas, sem explicação.
Não, o poeta geralmente não sabe terminar as coisas. Fazem isso por ele.
O poeta é sentimento por demais. Ainda que triste, ele arrasta por anos o amargor de se ver frustrado em um amor.
E escreve, frugalmente, como se toda a vida fosse bela.
Não se iluda, leitor, não são muitos os poetas do mal do século.
A poesia concreta está além do escrito. Sempre esteve.
Admito que, como poeta, não me fujo à regra.
Mas escrevo com o sentimento de tristeza, na maioria das vezes.
Eu sei que, para um pseudopoeta, me atrevo além do que devo na poesia.
O faço por vontade e por amor.
Talvez mais pela primeira do que pela segunda.
Poetas não tem muitos amigos: as mães advertem às meninas que músicos e poetas não são boas pessoas.
E o mundo adverte aos poetas que toda dor pode ser piorada.
Se as mulheres não gostam dos poetas, há excepcionalidades. Assim como há poetas que não gostam de mulheres.
Tanto doce que, para um paladar diabético, melhor seria lançar mão a um adoçante.
E as cores da vida se apagam.
Os sentimentos se misturam e se tornam inalcançáveis.
As noites se consomem, frias e inocentes.
Os dias se colocam, para as brutais tratativas de "tudo bem".
Mas, bem lá no fundo, nada está bem.
Talvez jamais tenha estado. Ou, quem sabe, jamais fique realmente bem.
O poeta guarda, em sua caixa de pandora, todos os sentimentos.
Permite apenas que, aos poucos, o leitor o (re)conheça.
E que bote reparo, nas palavras sem sentido, para ler seus sentimentos.
E se o poeta diz mais do que deve, merece sua pena: o reconhecido desconhecimento.