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quinta-feira, 28 de junho de 2012

escolhas forçadas

Não escolhi sentir.
Mas, a seu próprio modo, tem coisas que não se escolhe.
Tem histórias que não se apagam.
Tem sentimentos que não adormecem.
E sempre tentamos passar a vida por cima, quando deveríamos aprender a superar.

ruídos

Há tantos ruídos lá fora.
Carros.
Buzinas.
Gritos.
O vento.
A vida.
E aqui dentro: o mais puro silêncio. Dá medo.

procura-se

procuro:
um olhar afetuoso, um leve toque em minha face.
um jeito único de me prender em seu abraço.
uma cumplicidade sem limites.
um sorriso, mesmo quando eu esteja arremessando os pratos.
alguém por quem valha a pena se apaixonar.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

respeito

Acontece que não é respeito que perdi.
É respeito que ganhei.
De minhas próprias atitudes, para comigo mesmo.
E tal presente, de tão cordial e sensato, é insubstituível.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

saudosismo?

Não quero os saudosismos baratos.
Nem me venha com ele caramelado, empanado ou afins.
O passou, pra mim, é aprendizado.
Saudades? E quem não o sente?
Mas não posso conduzir a vida toda em uma única marcha.
O tempo, como já diz o ditado popular, corre por entre os dedos.
E me apetece bem mais viver pelo presente.

eternamente nos sonhos

Sonhamos tanto. Esperamos tanto.
A ponto de edificarmos, em grãos frágeis de areia, todos os nossos sonhos.
Mas, então, vem o vento. A chuva lava todas as torres.
E ao final, percebemos que nada era real.
E de que vale a lição?
Nada seríamos. Sem sonhos. Sem esperanças.

terça-feira, 29 de maio de 2012

devaneios de fim de maio

Mais um mês de maio que se encerra.
Não houveram buquês, casadinhos, véu ou grinaldas.
Não comprei alianças.
Nem sequer um beijo de paixão provei.
Há muito que não acredito em princesas. Sim, eu bem sei.
Devem ter ficado todas naquele passado remoto, dos contos fantásticos.
Os contos contemporâneos tem mais a veia das solidões inesquecíveis: e viveu solitário para todo o sempre.

infindas loucuras

Tenho me deparado com o infinito.
Pelo tempo dos tempos.
E ele tem o olhar expressivo de um para além do túmulo.
Seu hálito é inebriante, mas consome meu passado em segundos.
Não vejo além do presente, que, para ele, já me é passado.
Estou todo inexistente. Limitado. Em suspensão.
Não há soluções prontas.
Tomado da resoluta questão, mergulho em sono profundo.
Não me adianta exigir conhecer para além das expectativas dele para comigo mesmo.

maktub

Não estou para além destas palavras.
Nunca estive.
Tampouco, um dia, estarei.
Pois, vindo do pó - para tal voltarei. E, de tudo o que digo, apenas o que escrevo manterei.
Manterei intacto. Incerto. Confuso.
À espera que não haja outro incêndio em Alexandria.
E que, este mundo cibernético que me abriga, continue a colecionar meus versos.

eu bem que...

Eu bem que poderia, confiantemente, deixar meus sonhos repousarem ao sol.
Talvez, se assim o fizesse, o bolor dos anos que os mantenho neste baú de sentimentos, pudesse enfim se dissipar.
Eu bem que poderia.
Mas há muito que não sei o que é a luz.
Tem tanto que não me recordo onde guardei as chaves.
Tudo que posso fazer é pensar: bem que poderia. Eu.
E nestes vão e vem de pensamentos, já se cobre o horizonte com espessas nuvens. Com o cheiro molhado de uma nova tempestade.