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segunda-feira, 6 de abril de 2015

devaneios de um poeta (in)existente

Ainda que eu provasse do fruto proibido, pouco teria a dizer sobre tal fato.
Tampouco se bebesse do cálice da intensa loucura, poderia enredar pelo discurso demagógico de tardes de outono.
Mas, ao sentir o leve toque das dores de uma escura noite, gelado tal qual liga metálica exposta ao frio, não me compete deixar de suspirar.
Tantos "se"s, tantas linhas não utilizadas na aurora da juventude, que sequer posso ligar tantos desencontros.
Parece apenas mais uma noite confusa de pensamentos, imerso em sentimentos descontrolados, no entanto, é uma noite crucial para a construção de devaneios.
Nada especial, quando todas as noites se apresentam como ímpares para tal profusão de enredos.
O poeta pode não dizer, não retribuir, não (des)construir uma escrita.
Mas os versos em formato de prosa, cadentes de estilística e sedentos de caligrafia, saem rotos e deformados.
E, assim, insensivelmente, corre o tempo sem que o poeta cumpra com seu mais insensato dever: existir.

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