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domingo, 24 de abril de 2011

Revolução Interior

Curioso como tranformam-se as palavras, os gestos e os sonhos.
As cortinas que hoje cerram a claridade do sol em minha janela, outrora foram mais azuis.
Os desejos de diferenciação foram menos cruéis.
A insensatez talvez tenha sido um pouco menos acentuada.
A inocente e pueril maneira de criança, cujos olhos sobre o mundo a meu redor contemplava, simplesmente se perderam nos vales da existência.
E do cálice transbordante de vinho, nasceu a insegurança.
Permeados os caminhos por entre a plantação de trigo, encontrei o suspiro.
Não que ainda não existam as possibilidades, mas perderam-se as perspectivas.
Talvez um dia as encontre novamente, sob o hábito e as rugas de outro tanto tempo.

sábado, 16 de abril de 2011

Dialética de Sábado a Noite

Algumas vezes, para este poeta, tudo parece sem sentido.
Tal qual a fissura no tecido da existência, hiatos dividem os sonhos.
As dúvidas - incoerentes ou não - pairam por sobre os ombros do universo.
E posso até olhar ao longe, incerto, confuso. Mas é nas proximidades que repouso o pensamento.
Se eu pudesse fazer de outra forma, provavelmente os resultados seriam os mesmos.
Sacrificaria os sonhos.
Inventaria novas adversidades.
Nada pode ser assim - tão exato.
E no reservatório de pensamentos fica apenas a questão: razão qual será?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nem te notes

Psiu: não chameis a atenção de si para contigo mesmo.
Tu poderás não gostar do que haverás de perceber.
As profundezas da solidão vazia, numa escura noite de Abril, talvez não interessem a ninguém mais.
Menos ainda a si próprio.
Apenas escute as mudas chamadas de seu organismo.

"Blás" Poéticos

Custa-me suspender o sorriso pelo instante em que percebo que não há retórica maior do que a proveniente do universo.
Não poderíeis pensar que estou demente?
Certo que haveríeis de compreender.
Não sou tal qual sou, sou um novo eu.
Renovado a cada instante.
Instalado em cada momento.
Destruído por cada onda de vento.
Assim o sou: orgânico e puro.
Mas nada nutritivo ou ingênuo.
Insosso e estupidamente eu.

A quem interessar possa, exprimo minhas razões

Não me importam as tecidas teias da trama da vida, moldadas pelo fel do lábio de poucos.
Valem-me por conta as horas que passei em acreditar.
Tem significado tão somente o feito pela alma, corpo e desejo.
Eis que pela ausência não me reportarei.
Ausência esta não corpórea, mas de espírito.
Não poderia meus pensamentos e sentimentos estar em mesma sintonia?
Pudera, mas o fato é que em razão de outras circunstâncias não o está.
E nem conseguiria despender esforço impróprio a fim de tal.
Por isso prefiro calar, pelo simples distanciamento.
Por hora me basta o resguardo das idéias, com pretexto de não ser mal compreendido tão acentuadamente mais.

domingo, 3 de abril de 2011

Seria escrito em tortas linhas?

Na penumbra do seio da existência existe o alto senhor das façanhas.
Seu olhar cuida para que nada fuja ao esperado.
Para que nada tome a direção errada ou insensata.
E o livre arbítrio, talvez tu venhas a indagar.
Até mesmo ele não pode ser fruto do inesperado.
As possibilidades trilham seu próprio caminho, isso é certo.
Mas nada, em absoluto, foge ao controle.